(subscrição aberta com autorização do Ministro da Guerra, para a compra de um avião como o qual seriam tentados o raids Lisboa- Guiné- Pernambuco- Rio de Janeiro)
O patriotismo que nos anima, a gloria que resultará para o país e para todos aqueles que contribuirem com o seu esforço para a realisação d’este raid, de tão grande alcance para Portugal, o impulso que ele representa para a aviação portuguêsa, o reflexo imediato d’um grande raid aereo no bom nome da nevegação e no resurgimento das iniciativas nacionaes, e enfim, a renovação de antigos feitos historicos que cobrirão de louros esta Patria que tanto amamos e que desejamos servir com todas as nossas energias – são de tal maneira evidentes que nos abstemos de argumentar afim de fazer uma demonstração inutil.
Desejamos, sim, falar da viabilidade dos raids Lisboa, Guiné- Pernambuco- Rio de Janeiro, e ainda das probabilidades de exito da presente subscripção.
O raid Lisboa –Guiné não apresenta outra dificuldade além da travessia do Sahara. Esta travessia, embora extensa, é incontestavelmente realisavel pelos modernos tipos d’aviação. De Guiné a Pernambuco, o percurso mais dificil do raid total, temos a transpôr uma extensão de 2.600 kilometros. A pratica, a experiencia, demonstram, pelos feitos de Read, Allcok, Roget, Lemaitre e Bossontrot, que os 2600 kilometros podem transpôr-se, pois que hoje se teem efectuado já raids de mais de 3000 kilometros.
De Pernambuco ao Rio de Janeiro, a distancia é insignificante, em comparação com as outras, e as dificuldades são minimas.
O argumento experimental que apresentamos é convincente, e mostrará assim que a nossa tentativa, grande, imensamente grande no seu conjunto, não tem no entanto obstaculo, não tem no entanto obstaculo algum que nos impossibilite de sermos os primeiros a atingir pela via aerea, como o fomos pela via maritima, o grande continente que se chama Brazil.
A subscripção que abrimos, encontrará pois, certamente, nos sentimentos patrioticos e avançados de V. Exª, e de todos aqueles a quem pedimos a colaboração, o entusiasmo e a convicção necessarias, para que o concurso que nos prestam seja maximo, devendo, portanto, terminar fatalmente por um sucesso.
(...)
Boaventura Marques Leitão – Sarg.º Aj. Te d’Eng. rº no G. E. A. R.
Eugenio Vasques 1º Sargº Mechanico no G. E. A. R.
Serafim Mega 1º Sarg.º Mechanico electricista do G. E. A. R.
João José da Costa Mechanico do G. E. A. R.
Boaventura Marques Leitão et al. - "O grande raid português - Em aeroplano – Lisboa- Guiné- Pernambuco- Rio de Janeiro -Iniciativa e subscrição nacional "
in Diário dos Açores
de 19 de Fevereiro de 1920, nº. 8418, p. 2 (col. 1-2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1028.
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