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Texto da entrada (ID.1084)

A terrivel doença cede à aplicação de injeções hipodermicas de principios activos das plantas

Será desta vez?... Vai grande alvoroço no mundo scientifico, por causa de uma recente descoberta do dr. Rous d’Angers, que visa a cura da terrivel doença, que se chama tuberculose. E entre os doentes, como facilmente se compreende, o entusiasmo não é menor.

Será desta vez vencida a cruel enfermidade, que tantos milhões de vitimas tem feito em todo o mundo? No Congresso de Medicina de Bruxelas, os medicos dos hospitais de Paris, drs. Renon e Grenet falaram à douta assembléa dos novos ensaios no tratamento da tuberculose. Pondo de parte os velhos sistemas bacterianos, como a tuberculina, e notando que os soros e as vacinas ati-tuberculosas, que sáem dos laboratorios, não têm dado o resultado desejado, começaram a empregar uma quimioterapia, realizada com o auxilio de sáis soluveis, que destroe o bacilo de Kock e aumenta a resistencia organica. A comunicação respétiva dos sábios acima citados foi ha pouco feita á Academia de Medicina. Pouco antes, o dr. Rous publicou o seguinte, no Courrier Medical:

“Venho observando ha alguns anos a ação manifesta das plantas da familia das irideas, no tratamento da tuberculose pulmonar. Notei que, com o seu emprego, todos os sintomas clinicos melhoram rapidamente e, paralelamente, o numero de microbios, nos escarros dos doente, diminue consideravelmente, até desaparecer. Alguns colegas, conhecedores das minhas observações e maravilhados dos resultados obtidos, empregaram imediatamente o meu tratamento, em casos analogos. O numero de tuberculosos assim tratados cresceu a tal ponto que hoje, sem hospital especial, sem clinica, sem publicidade, nem vulgarização, aplicamos já o novo tratamento a mais de dois mil doentes. Não podemos apresentar uma estatistica, nem dar a percentagem das curas realizadas, porque os enfermos não eram hospitalizados e habitavam regiões as mais diversas e as mais afastadas; eles regressavam aos seus lares, depois de convenientemente tratados, mas nós podemos afirmar que, com rarissimas excéções, todos foram curados, ou, pelo menos, experimentando sensiveis melhoras.”

Ajudado pelos quimicos, o dr. Rous fabricou um extrato medicamentoso, a que deu o nome de angiolinfa. Este extrato – afirma ele – dá na tuberculose os resultados que se obtêm na malaria com a quinquina, e na sifilis, com o mercurio. E isto em todas as fórmas, quer se trate de tuberculose pulmonar, quer laringea, ganglionar, ossea, renal, etc. As afirmações são apoiadas em numerosas observações e dados irrefutaveis, recolhidos tanto pelo dr. Rous, como por muitos colegas seus, e pelo pessoal de um serviço hospitalar. Alguns resultados, dos mais surpreendentes, foram já publicados no Courrier Médical e no Médicin Français.

Prova-se que, sob a influencia deste tratamento, a expétoração se modifica, profunda e rapidamente, os bacilos e todos os microbios diminuem e acabam por desaparecer, levantando-se simultaneamente, as forças dos doentes e chegando-se á cura definitiva, em muitos casos, em algumas semanas, e quando muito, em alguns meses. “A acção principal da angiolinfa -  afirma o dr. Rous – é menos uma ação elétiva diréta e especifica, sobre o bacilo da tuberculose, que sobre o estado geral do doente.”


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A cura da tuberculose - Descoberta sensacional do dr. Rous" in Diário dos Açores de 25 de Junho de 1920, nº. 8516, p. 1 (col. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1084.



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