Texto da entrada (ID.1086)
Assim como os chapeus e os vestidos, tambem as drogas medicinais tem o seu quarto de hora de moda. Todos os anos se veem aparecer produtos farmaceuticos novos, aos quais se atribuem grandes virtudes, ao passo que outros, considerados até ali como infaliveis, perdem todo o seu prestigio.
Estas considerações são inspiradas ao Matin por uma interessante estatistica ácerca do consumo de remedios feito nos hospitais de Paris.
O celebre xarope de rábano, por exemplo, xarope antiescorbutico, que – segundo se dizia – salvara das escrofulas tantas gerações, acha-se hoje definitivamente destronado. Tambem estão passando para o crepusculo outros remedios classicos, tais como os iodetos de potassio, dos quais – dizem agora os medicos – se fez emprego pouco racional, e o cloreto de potassio, considerado durante um momento como especifico, serve agora apenas para gargarejos. Muitos até dos produtos recentes vão perdendo o seu credito. A cafeina, que retemperou os corações dos nossos avós está em baixa, ao passo que a teobromina está, graças ás suas qualidades diureticas, na alta. A cocaina já não é empregada senão por certas senhoras e o seu lugar está sendo preenchido pela novocaina. A antiprina, que acalmou tantas enxaquecas, também tem de ceder o passo à aspirina, que a febre espanhola tornou classica... até aviso em contrario.
A coroa rial dos narcoticos passou do cloroformio para o eter; o sublimado, o acido borico e o horrivel iodoformio, reis dos antisepticos, vão cedendo o sceptro ao formol, à agua oxigenada e à tintura de iodo.
Por outro lado, foram lançados produtos novos, cuja fama aumenta de dia para dia, tais como a urotropina, o veronol, o colargol, os fermentos lacticos e, finalmente, o 606 e os seus irmãos arsenicais, dos quais nada menos de 171, 180 doses foram empregadas nos hospitais parisienses só no ano de 1918, o que – acrescenta o acima mencionado jornal – não é precisamente animador para o futuro da raça.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "Casos e notas - Os remedios da moda"
in Diário dos Açores
de 5 de Julho de 1920, nº. 8523, p. 1 (col. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1086.
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