A propaganda dos novos metodos

Portugal precisa de aumentar a sua produção, de forma a poder equilibrar as suas finanças e só da agricultura pode esperar o aumento da riqueza e portanto das receitas públicas.

(...) só com a lavoura mecânica poderemos não só alargar a área cultivada anualmente como cultivar tambem melhor as nossas terras, dando-lhes uma mais perfeita preparação e um mais racional tratamento do que aquele que hoje se adopta.

Contudo, representando actualmente a aquisição de um tractor um elevado empate de capital, tendo atingido os combustiveis preços fabulosos e não tendo o lavrador a certesa de que o trabalho mecanico nas suas terras lhe poderá fazer beneficios, não poderemos esperar que a cultura mecânica venha a ter um largo desenvolvimento sem que os poderes públicos pensem a sério em a proteger, facilitando largamente aos lavradores a compra das máquinas agricolas.

(Em Inglaterra, Itália e França os governos subsidiaram os agricultores para o cultivo mecânico das terras, ou dando dinheiro, ou comprando tractores e vendendo-os a colectividades agricolas. Também alguns organismos particulares auxiliaram os agricultores, tendo sido criados alguns sindicatos. Em Portugal nada tem sido feito. Em 1917 foram adquiridos alguns tractores que pouco mais tem lavrado que uma centena de hectares. Nem como agentes de propaganda tem servido. Não tem havido incentivo do estado.)

José Freire de Andrade

Director da Secção de cultura mecanica da Federação de Sidicatos do Centro de Portugal