A gripe revestiu uma forma misteriosa, dando logar, em Paris, a controversias medicas extremamente vivas.

O dr. Charles Foley, medico distintissimo, revolucionou ha poucos dias a douta e placida Academia de Medicina, sustentando-se que o melhor remedio a aplicar contra esta gripe tão enigmatica seria o sôro anti-pestifero. E os senhores da Academia protestaram contra tal afirmação. Qual! – disseram os sabios – não se trata da peste! A gripe nada tem que ver com ela!”

- Isso tambem eu sei – responde o dr. Foley. Não digo que a gripe seja aparentada com a peste; o que eu digo e afirmo é que o sôro contra a peste serve para curar a gripe!

Os meus conhecimentos de medicina são demasiado vagos para que me permita tomar parte em tão conspicuos debates. Mas o que eu sei, pois que vi, é que o dr. Foley fez obras, quasi miraculosas e arrancou a morte numerosos engripados, graças à aplicação do sôro anti-pestifero. E bem depressa este assunto será apreciado nos tribunais.

O dr. Foley chamará ali numerosas testemunhas por ele curadas e, de entre elas, a menos eloquente não será por certo o redactor da cronica judiciaria do “Matin”, o meu amigo Baragnen, o qual, o ano passado, atacado gravemente pela gripe, todos o considerando já perdido, por assim dizer, no estertor, arribou logo que o dr. Foley lhe deu uma injeção de sôro em questão – e salvou-o!