Profilaxia indiviudual
Em tempo de epidemia o aperto de mão, o abraço e o beijo, podem dar occasião a contagio inconscientemente, sobretudo quando se trata de pessoas que estiveram proximo de doentes ou de sua casa vieram.
19º Evitar o uso de carruagens de aluguer, que pódem ter conduzido doentes e quando viajar em caminho de ferro preferir as carruagens não estofadas.
20º Em relação ás condições athmosphericas, convem saber que o ar da noite é mais pestilento do que o do dia, porque os germens, que por condições accidentaes possam estar em suspensão, elevam-se na atmosphera durante o dia, condemsam-se e descem para a terra durante a noite.
21º Ha toda a vantagem em não velar cadaveres, em não acompanhar funeraes, em não assistir a oficios de corpo presente.
22º Ao entrar em casa passar as solas das botas por chamma de alcool ou de amianto. Não o podendo fazer esfregar bem as solas em capacho humedecido com soluto de desinfectante.
Profilaxia domestica
Defesa individual
A manutenção das condições de boa hygiene que todos devem procurar realisar na vida habitual, não basta em tempo de epidemia, nem mesmo de previsão epidemica e ainda mais particularmente quando essa epidemia é a peste, provado como está que esta doença tem, alem dos modos de contagio communs a outras doenças mais a transmissão feita por animaes parasitas e não parasitas.
As muitas causas de insalubridade que preparam o terreno para a invasão da doença e lhe favorecem a propagação, devem ser combatidas quando ha ameaça de uma epidemia, e para esse combate não são suficientes os meios de limpeza banaes de uso quotidiano. Com elles precisam entrar em concorrencia meios de desinfecção eficazes e penetrantes, menos rigorosos na simples previsão da epidemia, severos durante a epidemia, excessivos quando a doença entrou em casa.
Para defender a casa da invasão da peste convem:
1º Ser cauteloso com a prophylaxia individual, para que se não seja portador de microbios germens
2º Não receber pessoas que venham de logares contaminados.
3º Estar vigilante sobre a procedencia dos generos de abastecimento ou outros, para recusar os que venham de logar suspeito
4º Cumprir os seguintes preceitos, com que será garantida a sanidade da casa, em todos os seus elementos.
Em tempo de epidemia é de rigor aliviar a casa das guarnições de estofos, cortinas, reposteiros, tapetes, etc.; em tempo de previsão e de defeza muito bom seria seguir a mesma norma.
Os estofos fixam substancias impuras e facilmente germens, a sua limpeza, sacudindo, batendo, ou escovando, mobilisa essas substancias e um grande principio dirigente das limpezas, sempre que haja suspeita de contagio, é que ellas se façam com o menor movimento de poeiras.
A desacumulação da casa é sobretudo importante, em relação aos quartos de dormir, aonde é preciso que se não accumulem tambem pessoas, porque cada pessoa deve dispor de 14 metros cubicos de ar, pelo menos.
Para que esse ar se conserve com a pureza necessaria é preciso que seja sempre renovado pela ventilação do quarto e pelo arejamento geral da casa, que é de regra.
Convem igualmente evitar a humidade n’esses quartos, o que se alcança empregando processos de lavagem, que não dêem grande imbibição de agua nos sobrados e nas paredes e mantendo boa a ventilação.
Deve advertir-se que o uso de vasilhas com agua tendo em solução substancias antisepticas postas nos quartos a titulo de desinfectantes, é de pequenissimo poder para sanear e é uma fonte de humidade prejudicial.
Sob o ponto de vista de desinfecção tambem é de insignifficante p. 2 col. 1 effeito a queima de substancias nas brazas, como o assucar, a alfazema, o alecrim, com o fim de obter fumos aromaticos, que se substituam ás emanações mal cheirosas.
Para obter esses dois fins: annular o mau cheiro e desinfectar, devem usar-se os desinfectantes volateis, como o mentol que o é á temperatura normal, o salol queimado nas brazas ou de outra qualquer forma, o formoaldheide vaporisado em lampadas apropriadas, ou a solução d’essa subtstancia de 5 a 20 por 1:000.
[n.d.] - "Instruções contra a peste - Noções gerais - (extraidas do “Diario do Governo” de 1899, quando rebentou a peste no Porto)"
in Diário dos Açores
de 4 de Novembro de 1920, nº. 8626, p. 1-2 (col. 4; 1-2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1149.