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Texto da entrada (ID.1179)

Emquanto alguns cirurgiões se consagram de preferencia a restaurar as faces deterioradas ou se occupam das deformações nervosas, outros procuram dar remedio ás deformações osseas e ás impotencias funccionaes, etc.

Neste sentido, julgamos dever aqui referir-nos a alguem que entre nós vota a sua particular atenção e tem dedicado o seu persistente estudo á ultima d’estas especialidades.

De facto, é de toda a justiça citar entre os obreiros da cirurgia o nome do Dr. Almeida Rego, que fez ultimamente triumphar um methodo que merece tornar-se classico e deve generalizar-se quanto antes.

A palavra “methodo” talvez não lhe agrade, porque o cirurgião Açoreano pertence ao numero dos homens que atribuem maior valor aos factos do que ás theorias. Mas usando a expressão o mais restritamente possivel aplicada ao facto, eis em suma do que positivamente se trata:

A mór parte das impotencias funcionaes dos membros é devida a fracturas mal consolidadas. Tomemos estas como exemplo, posto o numero causal seja muito maior do que poderiamos julgar, devido talvez ás causas de intoxicação e á depressão nervosa.

Que acontece, porém, quando o osso não se solda e como reagem os tecidos?

Observa-se que estes reagem pela formação de uma articulação falsa, uma “pseudarthose”. As duas extremidades do osso partido desligadas pelo esforço dos musculos antagonicos, cicatrisam e não se acham mais unidas por um ligamento fibroso.

O ferido tem um braço pendente, uma perna de borracha, dos quaes não se pode servir?

Só ha um meio de obter a restauração do membro, repondo-o no seu estado normal. É a operação sangrenta, que permitte descobrir as duas extremidades do osso fracturado, soldar uma na outra, e imobilizar o membro até que se dê a consolidação.

Uma asepsia bem feita, mesmo nos casos de fractura outr’ora supurante e que deixava largas cicatrizes, permitte realizar sem perigo a operação. A difficuldade da empresa reside na solda entre os fragmentos do osso quebrado.

Os processos de ligadura com fios, placas ou parafusos metallicos são resultados ás vezes prejudiciaes.

Restam as soturas osseas. O dr. Almeida Rego só tem confiança nos enxertos autogeneos, isto é, no ligamento, pela parte ossea destinada a unir as duas extremidades do osso fracturado, cortada n’um outro osso do mesmo paciente.

Este processo é adoptado do methodo do grande cirurgião norte-americano, professor Fred Albee, que para operar tambem se serve de instrumento electrico.

O aparelho de Albee é constituido por um pequeno motor envolvido n’uma camisa de aluminio, combinado por uma corrente continua de 110 volts, e que póde ser ligado a um fóco comum. Sobre este motor podem adaptar-se diversos instrumentos, dos quais o mais util é uma serra circular de 3 ½ centimetros de diametro, de que se serve o cirugião utilizando o motor manualmente.

A technica da operação é das mais simples, bem que delicadissima. Consiste, em primeiro logar, na separação da fractura não consolidada, e em pôr à mostra as duas extremidades do osso fracturado; depois em limpal-as e egualal-as. Em cada uma d’essas extremidades, com dois sulcos da serra circular, abre-se um leito para o enxerto.

O dr. Almeida Rego teve a idéa, para apressar a reconstituição do tecido osseo, de talhar na tibia sã laminas delgadas de revestimento osteo-periostado apenas mais espessas que uma carta de baralho, longas e estreitas e de as fixar nas extremidades do osso fracturado.

Este methodo peraotorio deu os melhores resultados.

Muitos paciente teem recuperado o uso dos membros que pareciam perdidos para sempre. Por um processo analogo tem ele obtido a cura de fracturas mal consolidadas, de desvios do braço ou da perna.

O dr. Almeida Rego foi discipulo do eminente professor Dr. Fred Albee na Clinica cirurgica do New-York Post Graduade Medical School and Hospital, durante o ano de 1916.

(...)


Referência bibliográfica

[n.d.] - "As maravilhas da Cirurgia - A sotura dos ossos e uma aplicação nova do medico açoreano Dr. Almeida Rego" in Diário dos Açores de 9 de Março de 1925, nº. 9887, p. 1 (col. 3-4). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1179.



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