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Texto da entrada (ID.1225)

Nunca é demais o que se publicar sobre este momentoso assunto, e que vemos assim superiormente tratado no “Diario de Noticias” pelo Professor Carlos França:

(origens da peste: Asia; epidemias de 1899 no Porto, nos Açores em 1908, Angola em 1921)

A peste é uma doença privativa de certos roedores, mais, comumente dos ratos e mais frequente nas ratazanas, susceptivel de se transmitir ao homem.

Embora a noção da sua contagiosidade datasse de 1546 (Froscater), só a partir da grande exacerbação da peste na India em 1894, é que todo o complexo problema da peste foi elucidado.

O primeiro passo dado nesse sentido foi a descoberta por Kivaseto e Yersin do bacilo da peste (1894) e logo a seguir esclarecer-se a relação que existe entre a peste dos roedores e a peste humana (1897).

Nos roedores a peste mantem-se n’um estado crónico e dele, por intermedio das pulgas, passa para o homem.

São duas as formas porque as pulgas parecem transmitir a peste. A mais simples mas a mais frequente é a seguinte: as pulgas enquanto sugam o sangue, durante a sua refeição, defecam, defecam, de forma que expulsam numerosos bacilos pestosos que pódem entrar por qualquer escoriação com que entrem em contacto.

O processo mais frequente de inoculação da peste, e porém mais complicado e só recentemente foi elucidado (Bacet e Martin, 1914).

As pulgas sugam sangue de roedores ou de homens tendo bacilos de peste na circulação e estes, encontrando no aparelho digestivo do inseto condições favoraveis á sua vida, multiplicam-se tão activamente na região estrangulada que faz a transição para o estomago, que formam ali uma verdadeira rolha, constituida pelo agente da peste.

Quando esta pulga pica um outro rato ou o homem, os esforços que ela faz para absorver determinam uma regurgitação de sangue, contendo bacilos pestosos que são assim inoculados.

Como este é de ordinario o mecanismo da infecção, compreende-se que de ordinario se observe a forma bubonica. Os bacilos seguindo a via linfatica, vão dar nos ganglios linfaticos o caracteristico bubão.

(Uma outra estirpe é a pneumonia pestosa primitiva, entre 1899 e 1923 foram observados 88 focos de peste pneumonica.)

Baseado sobre dados epidemiologicos, Ricardo Jorge emitiu a opinião de que existia ainda uma incognita na peste pulmonar, Normand White que essa incognita seria a associação do bacilo da peste com qualquer outro microbio, e Charles Nicolle que a pneumonia pestosa primitiva seria devida a associação com o agente da gripe.

(...)

É interessante notar que muito antes da Sciencia suspeitar que existe a peste no tarbagan (roedor – o “arctomys bobae”), já havia um lenda baseada evidentemente no conhecimento deste facto e narrada pela primeira vez em 1860 pelo naturalista russo Radde.

(...)

Estudos muito bem feitos demonstraram que a especie de pulga mais perigosa para o homem é a Xenopsylla cheopis e a seguir o Ceratophylles fasciatos.

Pesquizas nacionais (Souza Junior, J. Arruda, Carlos Fortes), mostraram que a percentagem destas pulgas na ratazana é respectivamente

X-cheopis – Porto 15% Açores 5,9%

C. fasciatus – Porto 30% Açores 30,9%

(...)

Prof. Carlos França


Referência bibliográfica

Carlos França - "Cronicas de um naturalista - A Peste I" in Diário dos Açores de 8 de Julho de 1925, nº. 9979, p. 1 (col. 1-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1225.



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