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Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.1229)

Reproduzimos de “A Tarde” do dia 18 do mez findo:

Os senhores devem sentir-se tão desconcertados como nós, ante essa dureza invulgar do tempo, que nos está derretendo pouco a pouco, pondo-nos, noite e dia sob uma ducha de suor.

Não ha memoria dum mês de junho tão ardente – e com fenomenos tão extravagantes. Chuvas inesperadas; côres ufutristas no céu e no horisonte; pressões atmosfericas – o diabo! E se tivermos em conta que a desobediencia do nosso clima ás praxes do calendario e das tradições dura ha já alguns anos e de estação para estação se acentua duma forma mais anarquica – fica explicada a nossa curiosidade sobre o assunto, curiosidade sobre o assunto, curiosidade que nos levou a procurar, no Avenida Palace, um dos mais eruditos astrologos americanos, sr. Antonio Davidson Reis, brasileiro, d’entre os que se encontram entre nós ha quatro dias.

- A sua viagem?

- Tem um objectivo de trabalho. Visitar os observatorios europeus e fazer os contrastes das modificações atmosfericas da Europa com as da America.

- Mas tambem na America...

- Decerto. O calor da nossa estação estival nasce, ha dois anos, precipitadamente dura pouco e o inverni prolonga-se demasiado...

E a que se atribue esse fenomeno?

- É o grande enigma dos sabios de todo o mundo. Harry Gruge, o celebre astronomo “yankee”, foi o primeiro a dar o sinal de alarme e Flamarion lançou a suspeita contra as manchas solares. Hoje nenhum sabio acredita seriamente nessa enfermidade do astro solar...

- Nesse caso...

- Podemos talvez atribuir ao desvio da terra inevitavel fuga do nosso planeta, que, como tantos outros planetas, tende a afastar-se do sol. Não são os fenomenos do excesso de calor que nos assustam a nós, astronomos; esses desequilibrios são detalhes ligados ao grande problema actual: o problema do frio. O frio ha de aumentar de ano para ano, nas regiões do norte e a zona gelada irá alastrando-se até invadir todo o globo...

Confessamos que não ficámos nada animados com a informação pessimista do sabio brasileiro – e quando abandonamos o hotel sentia-mos uns arrepios de frio pela espinha abaixo – apesar de ser meio dia e o sol parecer uma labareda impiedosa.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O calor e o fim do mundo - “A Tarde” ouve um ilustre astronomo estrangeiro - Avançamos para uma epoca em que toda a terra estará forrada de gelo – afirma o dr. Davidson Reis" in Diário dos Açores de 9 de Julho de 1925, nº. 9980, p. 2 (col. 2-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1229.



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Adaptação Nacional

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Tema
Astronomia

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