Segundo grupo
- Phocaena communis - Guv.
N. v. – Bôto
N. f. – Marsouin
N. b. – Porpoise e Common porpoise
D. g. – muito comum no Oceano Atlântico, nas costas do continente europeu, e no Mediterrâneo.
7. orca gladiator – Gray.
N. v. – Nos Açôres “Quilha”, corrupção do nome “Killer” que lhe dão os balieiros.
N. f. – “Èpaulard”
N. b. – Killer
D. g. – cetáceo cosmopolita, aparece muito no Oceano Atlântico, e não é raro no Mediterrâneo.
8. Megaptera boops – Muller
N. v. – é conhecido nos Açores, por Humpback, isto é, pelo nome que lhe dão os balieiros.
N. f. – Baleine à bosse.
N. b. – Humpback
D. g. – aparece nos Oceanos dos dois hemisférios. Nos Açores tenho-o visto principalmente no inverno. Nunca o vi senão a grande distancia por indicação de balieiros que conhecem ser este cetáceo pelos “resfôlegos” ou “assôpros” (“pout”), dos balieiros, que nos Açores indicam por “espatos”). Aparece raramente no Mediterrâneo.
9. Balaena biscayensi – Esch.
N. v. – baleia
N. f. – sarde
N. b. – Black whale ou erradamente Right whale
D. g. - vive especialmente no Oceano Atlantico no percurso do Gulf Stream como a Baleana mysticetus vive nas correntes polares.
No inverno costuma aparecer mais no Golfo de Biscaia até ás costas da Galiza; e só duas vezes a vi, ao largo, nos Açores, onde tem sido algumas vezes mortas. Aparece raramente no Mediterraneo.
10. Balaenoptera acutorostrata – Lac.
N. v. Baleia
N. f.?
N. b. Piked whale
D. g. - aparece nos mares do continente europeu, e no Mediterraneo.
Vi um dêstes Cetáceos que veio ter ao areak de Rosto de Cão, na ilha de S. Miguel já em decomposição, mas facilmente indentificavel. Aparece raramente nos Açôres, segundo afirmam os balieiros.
Terceiro grupo
11. Balaenoptera musculus – Linn.
N. v.- ?
N. f. Borqual
N. b. Razorback
D. g. – Aparece principalmente nas regiões árticas, mas desce, frequentemente do Cabo Norte: para as costas ocidentais da Europa, até ao Mediterraneo, onde às vezes entra, chegando mesmo ao fundo do Adriatico.
Nos Açores aparece raramente, segundo afirmam os balieiros.
12. Kogia breviceps – Mc. Leay
N. v ?
N. f.?
D. g. – é cetáceo que nunca vi indicado como aparecendo nos mares europeus, e só era conhecido em mares muito distantes dêles. Encontra-se principalmente no hemisferio austral.
Um balieiro açoreano da vila das Lages (Ilha do Pico) o capitão Fidalgo, foi o primeiro que me descreveu este Cetáceo, tendo sido apanhado em 1899, proximo da dita vila, um “sperm whale” muito pequeno, igual a uns que apanhára no Pacifico.
Pela descrição feita reconheci ser o cetáceo apanhado no Pico bem como os do Pacifico o “Kogia”.
Desde então, apesar das minhas pesquisas, orientadas n’esta suposição, só na Ilha das Flores me disseram terem apanhado um pequeno “sperm whale” que pela descrição feita, deve ter sido um “Kogia”.
Em 1906, na Exposição Universal de Milão, na qual as notáveis e ricas colecções oceanográficas, que D. Carlos formou, foram expostas, vi n’elas um Cetáceo com a designação de Physeter macrocefalus (apanhado nas costas de Portugal), quando era de “Kogia breviceps” o que eu então ali indiquei.
Este valioso exemplar de “Kogia”, muito está atualmente nas mencionadas colecções, que se encontram em Lisboa, no edificio da Liga Naval. Confirma êle a suposição do aparecimento desta especie nos mares dos Açores.
Quarto grupo
13. Delphinus marginatus – Duvernoy
N. v. –
N. f. – Dauphin bridé
N. b.- ?
D. g. – Pouco se conhece ácerca da distribuição exacta deste cetáceo.
A não ser indicação de Deplanche (mencionada por Drouet) nunca tive conhecimento do Delphinus marginatus ter aparecido nos Açores.
14. Balaenoptera Sibaldif – Gray
N. v. ?
N. f. ?
N. b. – Sulphurbottom
D. g. – aparece principalmente nos mares das regiões árticas e nos do Norte da Europa.
Alguns balieiros me afirmam terem visto êste enorme balénoptero nos mares dos Açôres.
Sendo provavel que os Cetáceos que aparecem nos mares açoreanos, e no Mediterrâneo (para onde só podem entrar pelo Estreito de Gibraltar), apareçam tambem nos mares do continente português; recorro, para saber quais são êles, ao valioso “Catalogue des Vertébrés du Portugal”[1], trabalho do tão erudito como conscienciôso naturalista sr. Antéro de Seabra, no qual vêm indicados os seguintes:
- Tursiops tursio – Fabr.
Nomes vulgares - Roaz, Roal e Roaz corvineiro.
- Delphinus delphius – Linn. (var. mediterraneus – Leach).
N. v. – golfinho
3. Phocaena comunis - Cuv.
N. v. Bôto e Toninha
4 . Orca gladiator – Gray.
N. v. – Roaz de bandeira
- Balaenoptera acutorostrata - Lacep.
N. v.- baleia
6. Balaenoptera musculus – Linn.
N. v. Baleia e Baleóte (juv.)
Termina por indicar que outras especies de Cetáceos devem aparecer nas costas de Portugal, mas que não têm elas sido estudadas.
A esta lista deve-se acrescentar o “Kogia breviceps” ao qual atráz me refiro.
Comparando as duas listas vê-se confirmado o facto de aparecerem nas costas do continente portuguez, sete cetáceos (isto é, total dos indicados) que igualmente frequentam os mares açoreanos, mantendo-se pois a suposição que as outras especies por mim mencionadas (menos, creio eu, as do quarto grupo) devem aparecer, mais ou menos frequentemente nas referidas costas.
Ponta Delgada Julho de 1924
F. Afonso Chaves
[1] Bulletin de la Société Portugaise des Sciences Naturelles – fasc. 3, tome IV, pags. 111 e 112, 1910.
Francisco Afonso Chaves - "Cetáceos que aparecem nos mares dos Açores"
in Diário dos Açores
de 22 de Julho de 1925, nº. 9991, p. 1 (col. 1-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1237.