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Texto da entrada (ID.1272)

Villacoublay, 10 – Procedeu-se á experiencia de um novo monoplano sem “fuselage”, construido pelo jovem engenheiro de Monge, muito conhecido nos meios aeronauticos. Apesar da forte brisa, o aviador Descamps conseguiu evolucionar nos ares durante uma hora subindo e descendo, passando de uma grande velocidade à outra muito reduzida. Mas o que mais admirou a assistencia, quando o aparelho passava muito perto do sólo, foi o barulho quasi imperceptivel dos seus dois motores.

Os curiosos tiveram ocasião de ser elucidados sobre este fenomeno logo que o aparelho aterrou tão docemente como uma ave. Os motores não eram dos utilisados na aviação; eram muito simplesmente dois motores de automovel Bugatti, tipo Brescia, de 1.500 centimetros cubicos, de uma potencia de 9 H. P. [...]cionados por helices Lumiére – “brevet” de Monge – de 130 centimetros de comprimento. É esta a primeira vez, depois de que a aviação sahiu do dominio experimental, que o motor do automovel é utilisado nos aviões. Todavia, este novo modelo de aeroplano conseguiu, no decorrer da experiencia, velocidades de 140 a 150 kilometros e tambem de 30. O consumo de gazolina para cada motor foi infimo, cerca de 12 litros por cada 100 kilometros. Cada motor possue uma “mise-en-marche” identica à dos automoveis, tornando-se portanto desnecessario o acionamento de cada helice por meio de uma força completamente estranha ao aparelho. Esta inovação além de muito prática, evitará inumeros desastres aos mecanicos pouco cuidadosos no exercicio de por em movimento o helice de um aparelho.

A ausencia de “fuselage” é o mais curioso do invento do engenheiro de Monge. A construcção do aparelho reduz-se quasi exclusivamente a uma só aza – de 11 metros e meio de comprimento por igual 3 metros na sua parte mais larga, com uma espessura de 7 centimetros ligada a um plano da rectaguarda por dois varões metalicos. Com 360 kilos de carga, dos quaes 110 são de combustivel, o peso total do avião não vai além de 700 kilos. Em 16 minutos atingiu com grande facilidade uma altitude de 3.000 metros. O seu raio normal de vôo, que é de de 1000 kilometros, póde ir até 4000, com um reservatorio suplementar de essencia. O aviador e o passageiro vão no meio da aza entre os dois motores, uma especie de cabine que os preserva inteiramente das intemperies.

Segundo declarou Monge, este aparelho é apenas os precursor d’um outro de dimensões muitissimo maiores, para comportar dez a vinte passageiros, e que já está em construcção. As azas terão 2 metros e 15 centimetros de espessura e 34 metros e 40 centimetros de comprimento por 10 metros de largura. Tanto os motores, como os passageiros e a tripulação serão alojados dentro da aza. Os motores serão 3 Farman de 500 H. P. cada e permitirão um raio normal de acção superior a 5.000 kilometros.

Estes motores serão colocados de maneira a permitir as reparações em pleno vôo. O conforto para os passageiros rivalizará com o dos comboios de luxo.

De Monge propõe se realizar, com este aparelho em construcção, a travessia do Atlantico, de Pariz a New-York, com passageiros a bordo.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Na França - Uma inovação na aeronautica" in Diário dos Açores de 28 de Outubro de 1925, nº. 10073, p. 1 (col. 7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1272.



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