Chegou no dia 16 ao campo de aviação de Alverca, o avião “Junker’s”, vindo de Madrid, a fim de preparar a realização de viagens aereas regulares para fins comerciais, entre as duas capitais da peninsula.
Uma missão que de Lisboa fôra a Madrid, foi ali carinhosamente acolhida, quer pelo nosso ministro sr. Melo Barreto, quer pelos elementos mais graduados da aviação espanhola.
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A viagem fez-se magnificamente
Durante toda a noite chovera torrencialmente em Madrid.
O avião que é um enorme e potente aparelho de tres motores, todo construido em duraluminio. (acompanharam-no uns aviões Havilland 100 e 131, pilotados por espanhóis. O avião desceu a Toledo, a procurar a linha do Tejo, que seguiu até Portugal, o percurso foi feito com vento em contrário, no entanto o avião tinha estabilidade. Seguem-se as horas em que o avião passou por determinadas localidades, tendo chegado a Alverca às duas horas, não aterra e passa por cima de Lisboa.)
Quando o aparelho voava sobre a cidade, foi lançado de bordo um pequeno saco, com uma bandeira portuguesa, conduzindo três cartas, uma dirigida ao sr. Presidente da Republica, outra ao chefe do governo e outra para o sr. ministro dos Estrangeiros.
O saco foi cair na cêrca do Liceu de Gil Vicente, de onde seguiu num automovel para a Presidencia da Republica. Essas cartas haviam sido entregues aos pilotos em Quatro Vientos pelo nosso ministro sr. Melo Barreto.
Tambem de bordo do aparelho foram largados sobre a cidade e varias povoações do trajecto os seguintes manifestos:
“Á cidade de Lisboa – De bordo do avião “Junker’s” – o iniciador das carreiras aéreas em Portugal – que acaba de percorrer 2.800 quilometros, sobre seis paises diferentes, desde Malmoé (Suecia) até á capital portuguesa – todos nós, estrangeiros e portugueses, passageiros e tripulantes, saudamos, enternecidamente, o povo de Lisboa.
A vinda do “Junker’s” a Portugal representa a realização duma grande aspiração que nada explica que não se tenha ainda efectivado.
Coube à Empresa Tecnica Industrial, Limitada, representante da casa “Junker’s”, a gloria de tão util iniciativa.
Portugal que, em aviões, segundo o testemunho de Sarmento de Beires, está atrasado cinco anos, fica, desde hoje, por intermedio do “Junker’s”, em contacto com a ultima palavra da navegação aérea.
Este avião – do qual estamos contemplando agora as maravilhas de Lisboa – é o primeiro avião comercial, o primeiro inteiramente metalico e o primeiro com três motores que vem a Portugal.
Para o Povo de Lisboa e para a gloriosa Aviação portuguesa vão as mais sinceras saudações de todos nós.
A bordo do avião “Junker’s” – Novembro de 1925.”
(o avião retorna a Alverca, o avião vinha pilotado por 2 pilotos, um sueco e outro alemão, tendo como passageiros o Sr. Mouths, da casa J. Wimmers e Cª, que deu vivas a Portugal enquanto abria uma garrafa de champagne, outros passageiros eram portugueses e estrangeiros, (os estrageiros – jornalista sueco Franchell, jornalista espnahol não nomeado, um fotografo Alonso, tambem espanhol). Os passageiros portugueses eram: o comandante Aires de Sousa, director da Aeronautica Naval, major Cifka Duarte, director do Aero Club, dr. Armando Cortesão, agente geral das Colónias, engenheiro Gabriel Ramir dos Reis e o sr. Felix Correia, que representava a Havas (agencia de noticias). Enquanto desciam os passageiros afirmavam que o aparelho era “soberbo”, “parece mesmo que se viaja no “Sud”.
(O aparelho veio sempre com uma velocidade media de 150 km hora, altura de 200 a 500 metros. 3 motores com 195 cavalos cada. O aparelho com os passageiros pesa 6 toneladas. Saiu de Quatro Vientos com 1.200 quilos de benzol, tendo chegado a Alverca com 700).
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