Pensemos, porém, um momento nos intuitos d’essa viagem extraordinaria. Que utilidade resultará d’ella para os interesses da humanidade? O Matin, que foi o seu iniciador, recorda o exemplo do Heraldo de Nova York, enviando Stanley á Africa, á procura dos restos de Livingstone, e relembrando que foi essa bella reportage, unica na historia, que determinou a descoberta e a conquista de todo o continente negro, abrindo ao mundo civilisado fontes de riqueza, incalculaveis. Mas uma viagem ao centro da Africa, não é uma viagem através as regiões despovoadas e geladas, que podem esconder no seu seio riquezas incontaveis, mas onde o homem do nosso seculo não consegue viver, porque o clima o devasta. O que restará do raid Nova York-Paris? Apenas uma pagina a mais nos emprehendimentos humanos – uma pagina esteril, certamente, porque d’ella nada ficará de positivo, se excluirmos a audacia e o amor do mysterio que impellem os seres do nosso tempo para todos os heroismos. (...) Do Dia

[n.d.] - "A volta ao mundo em automovel" in Diário dos Açores de 25 de Fevereiro de 1908, nº. 5021, p. 1 (col. 4). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1325.

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