Texto da entrada (ID.1359)
É bastante interessante a local que um nosso collega angrense, A União, publica ácerca das occorrencias eruptivas e das avarias por estas occasionadas no cabo submarino entre as ilhas, determinando de vez em quando interrupções no funccionamento d’este. Para evitar eguaes successos de futuro, parecem de grande acerto as indicações e a proposta feitas agora ao governo.
Eis o que a tal respeito relata aquelle collega:
Já foi requisitada a canhoeira para conduzir aqui e ao Pico um empregado da companhia ingleza a fim de se localizar onde o cabo se partiu.
A companhia, a cargo de quem estão estas reparações, pensa em modificar desta vez a direcção do cabo, tirando-o da cova ou fossa que fica á entrada do canal de S. Jorge, em frente mesmo ao Topo. Tem sido n’este ponto onde o cabo já por trez vezes se avariou.
O sr. secretario geral deste districto, fazendo de governador civil, já ha dias telegraphou ao governador pedindo a sua intervenção para que a reparação se não faça demorar.
Por sua parte, o chefe dos serviços d’este districto, o sr. Gregorio de Medina, enviou pelo S. Miguel um relatorio ao governo acompanhado de um interessante mappa no qual aponta quaes as erupções submarinas que se tem manifestado e os pontos onde se realisaram; o traçado dos cabos e onde se tem dado as interrupções; e as serras e fossos submarinos se disem existir n’esta região.
Com estes elementos poude aquele funccionario traçar um triangulo a que chama a zona eruptiva. Este triangulo tem os seus angulos na cova do canal de S. Jorge na rocha da Serreta e na Ponta da Ferraria.
É dentro d’este triangulo, pois, que estão collocados o cabo que liga a Terceira ao Pico, que já tem quatro interrupções e o do Fayal a S. Miguel que desde 1902 se avariou cinco vezes.
Por tudo isto se conclue a necessidade do lançamento de um outro cabo que passando fóra do triangulo vá amarrar nos Biscoitos e Praia da Graciosa. Este cabo custará cerca de 30 contos.
Incidentemente lembrou tambem o sr. Medina o lançamento de um outro cabo entre Angra e S. Miguel, fóra do triangulo da acção vulcanica, o qual deverá amarrar na Praia da Victoria e na Ribeira Grande.
Com este cabo, que custaria cerca de 70 contos, acabaria a excepção de termos no archipelago apenas a ilha de S. Miguel, com taxa de 50 réis por cada palavra que troca com as outras ilhas, suas irmãs.
O estabelecimento d’estes dois cabos talvez podesse obter sem despeza para o paiz, desde que fizesse parte de futuros encargos nas futuras concessões que se tenham de fazer à companhia que actualmente explora a amarração dos cabos no Fayal, ponto este tão importante, que já elevou aquella estação á primeira de cabos do mundo.
Pelo transito dos telegrammas do Fayal pagaram as tres companhias ali estabelecidas, no anno findo, 70 contos. Ora não se poderia com este dinheiro fazer alguma cousa no sentido d’esta proposta? Parece que sim, e é n’este sentido que as corporações da nossa terra e de S. Miguel se devem entender e trabalhar.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "O cabo submarino entre as ilhas"
in Diário dos Açores
de 24 de Março de 1908, nº. 5042, p. 2 (col. 4). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1359.
Detalhes
Nome do Jornal
Mostrar detalhes do Jornal
Data da Fundação
Nome do Fundador
Nome do Director
Nome do Redactor
Nome do Administrador
Bibliografia
Número
Título(s) do Artigo
Título
Género de Artigo
Opinião
Tema
Comunicações
Palavras Chave
Notícia