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Texto da entrada (ID.1376)

O processo mais simples para investigar o estado interno da Terra seria penetrar nas profundidades das suas camadas; mas, como é notorio, á medida que se desce, as dificuldades sobem a ponto de se tornarem insuperaveis. O maximo de penetração que até hoje se tem realisado atinge 2 kilometros e o centro da terra dista aproximadamente da superficie 6.370 kilometros. Este processo fica, pois, de parte impondo-se-nos outros mais viaveis. Após o sub-solo, existem massas rochosas. É isso um facto averiguado, mas a seguir a essas massas rochosas o que existe? Outras rochas, ou metaes? Todas as observações sobre a gravidade dizem que o peso da terra é cinco e meia vezes maior do que seria se egual espaço fosse preenchido por agua. Ora as rochas da superficie terrestre são apenas duas e meia ou tres e meia vezes mais pesadas que a agua, visto o que, a grandes profundidades as substancias que constituem a massa telurica devem ter uma densidade superior á das rochas da superficie. Este é o primeiro dado para se conhecer o estado interno da Terra. Como é geralmente sabido, a Terra não é perfeitamente espherica; em virtude do movimento de rotação, é achatada nos polos, e este achamento é tal que o raio terrestre para os polos é 1/298 menor que para o Equador. A teoria mathematica da gravidade diz que o achatamento deveria ser somente de 1/230 se a massa da Terra fosse uniformemente distribuida, e de 1/578 se a parte principal d essa massa estivesse na extrema profundidade. Mas, porque este achatamento é de 1/298 aproximadamente, não se conclue que a sub-divisão da massa no interior da terra deve estar entre os dois extremos. O calculo mathematico deduziu da cifra de 1.298 outros dados sobre a sub-divisão de massa terrestre: mostra ainda, por um processo relativamente simples a grandeza e a espessura do nucleo terrestre, pelo que chegamos á conclusão de que a camada rochosa, sobre que vivemos, deve ter a espessura de 1300 a 1600 kilometros e que o nucleo terrestre (provavelmente metalico) corresponde aos 4/5 de toda a terra. Acontece ainda que o nucleo metalico deve pesar oito vezes mais do que a agua:o ferro está n’estas condições; por isso é verosimil que o nucleo terrestre não só seja constituido por metaes mas até que o ferro seja o principal, d’onde se conclue que a terra seja uma esphera de ferro revestida de uma crusta rochosa. Outros argumentos comprovam esta theoria. O fluxo e refluxo, devidos ao deslocamento da Terra e em virtude do movimento de rotação, mostram que esta, em bloco, consta de um corpo solido. Pelo exame sisthematico das ondas sismicas a que se vem procedendo regularmente de ha quinze annos a esta data, demonstra-se que até 1.500 kilometros de profundidade a velocidade das referidas ondas augmenta continuadamente, tornando-se, porém, ao fim d’este espaço constante ou quasi constante. Isto quer dizer que a 1.500 kilometros de profundidade a constituição dos estratos terrestres muda de repente, e se nos reportarmos ao que acima se disse – que por um outro meio se tinha estabelecido entre 1.300 a 1.600 kilometros a espessura da camada rochosa – ressalta á evidencia a importancia d’esta prova indirecta. São estes os dados e motivos, agora ligeiramente enunciados, por que a moderna geophysica sustenta que a Terra consta de um nucleo metalico (ferro) revestido de uma camada rochosa.

Referência bibliográfica

[n.d.] - "Por dentro... da terra" in Diário dos Açores de 3 de Abril de 1908, nº. 5050, p. 1 (col. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1376.



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Ciênias da Terra

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