Industria nacional

A convite dos srs. João Correia, encarregado das officicas [sic] da manutenção militar, e Viriato Torres, visitámos hontem a sua officina na rua do Valle de Santo Antonio, n.º 186, onde estão expostas duas machinas, sendo uma um collector e outra uma «tarara» systema allemão, completamente modificada pelo sr. João Correia, um modesto artista.

A primeira serve para arrefecer as mós adequadas á moagem de trigos.

O collector é dividido em duas partes, a principal é a mola ventoinha, movida a vapor, que dá 1:500 voltas por minuto, a qual é adaptada a uma caixa quadrilonga, tendo uma cupula em forma de semicirculo.

Na parte exterior ha um cylindro constituido por 42 bastidores forrados de flanella que evitam a passagem da poeira dos trigos, ficando estes completamente limpos.

A poeira fica depositada n’uma caixa de forma conica.

O collector da fórma como está construido evita a accumulação da poeira, tanto no interior como no exterior da fabrica de moagem, que tão prejudicial se torna á saude dos operarios.

A outra machina «tarara» americana dupla, é adequada simplesmente á limpeza e separação dos trigos. Na parte superior tem dois cylindros de chapa de ferro, em cujo interior trabalham tres ordens de cylindros de chapa d’aço perfurado constituindo tres graus, sendo o primeiro para supuração do milho, fava e pedra, o segundo para a do trigo, e o terceiro para a limpadura.

Os desperdicios cahem n’uns conductores (forma de calha) e d’ahi para onde os fabricantes querem.

Os cylindros assentam sobre uma caixa quadrilonga, tendo no interior duas ventoinhas que servem para a separação da palha e pó e outros desperdicios.

Na parte inferior ha 8 boccas de saida que expulsam os reziduos.

A «tarara» é movida a vapor, dá 420 voltas por minuto e produz por hora 4:500 kilos de trigo limpo.

As machinas são elegantes e dignas de serem vistas, e destinam-se á companhia de Moagem de Tavir[a].