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Texto da entrada (ID.1507)

“Em 1889 inventou o primeiro apparelho” para transformar o azote do ar em azotatos de ammoniaco. Esse apparelho foi em parte inventado 9 annos depois pelo professor allemão Linde.

Não podendo construir esse apparelho, e impressionado com o espectaculo da “degenerescencia da nossa raça”, dedicou-se ao estudo de questões de hygiene e medicina natural, esperando descobrir as causas d’esse grande mal que ameaça aniquilar-nos e os meios mais praticos de o remediar.

Pouco depois occorreu-lhe a ideia de transformar o azote do ar em “azotato de cal” ou de potassa, por meio das “altas temperaturas” produzidas pelo arco electrico.

Desejava assim imitar o processo do “raio das nuvens” que na sua passagem atravez do ar oxida o azote atmospherico e o transforma em azotatos e azotites d’ammoniaco.

Mas não havendo no paiz grandes quedas de agua, para produzir as enormes quantidades de energia electrica, que esse processo exigia, lembrou-se de obter os mesmos resultados por meio de um intenso fóco de calor, produzido pela concentração dos “raios solares”.

Para ver se esta ideia era ou não exequivel ou vantajosa precisava “inventar e construir um heliostato” de grandes dimensões.

Não podendo resolver o problema no paiz, continuou a dedicar-se aos estudos de hygiene e “medicina natural”.

Auxiliado por uma “pessoa benemerita” que lhe offereceu um subsidio para ir a Paris fazer um curso de medicina e fazer os estudos que entendesse, utilisou a occasião para seguir outros cursos que reputou de grande utilidade: e, “em 1899 inventou um heliostato” que lhe demonstrou a possibilidade de resolver o problema da extracção do azote do ar.

Esse systema de heliostato, era um apparelho extremamente bello; mas tinha o defeito de ser demasiadamente “dispendioso”. Abandonou-o, pois, e em “1900 inventou p. 2 outro” mais facil de construir, e por isso muito mais barato.

“Orgulha-se de ter sido o primeiro a suggerir a ideia de extrair o azote do ar”. Em Paris e em Londres e na America expoz os seus planos aos seus condiscipulos e mestres e tem a satisfação de dizer que a sua ideia foi tão favoravelmente abraçada lá fora que a extracção do azote do ar será dentro em breve uma realidade tão pratica e natural como a de extrahir o sal das aguas do mar. “Já outros experimentadores” estão tentando extrahir o azote pelo arco electrico adoptando o methodo que elle preconisava desde o anno de 1889.

Na primavera de 1901 estava em Londres, em vesperas de partir para a America, a fim de lá pôr em pratica o seu invento de sociedade com um capitalista d’esse paiz. Mas, encontrando em Londres uma distincta pessoa portugueza animada de sentimentos extremamente patrioticos em virtude dos quaes desejava que o problema fosse resolvido em portugal, desistiu do seu projecto, e veiu aqui construir um grande apparelho solar, que produzia um fóco que fundia “o ferro e o basalto”.

Esse fóco não era sufficiente para a oxydação do azote do ar. Por isso voltou a Paris, construiu outro apparelho de maior precisão a que deu o nome de Pyrheliophoro e foi apresental-o á Exposição internacional de Saint Louis na America do Norte em 1904.

O Pyrheliophoro produziu um fóco que fundia todos os corpos conhecidos excedendo notavelmente a temperatura do arco electrico.

Essa temperatura já era sufficiente para oxydar o azote do ar.

O Pyrheliophoro foi apresentado como se fôraa uma instalação feita pelo governo portuguez, a fim de que o paiz, embora nada tivesse concorrido para esse fim, recebesse qualquer parcella de honra que d’ahi adviesse.

Descreve o Pyrheliophoro, diz ser um enorme heliostato, composto d’um reflector, d’um equatorial e d’um torno. Diz que o reflector era constituido por 6217 espelhos de crystal, fixados a uma armadura d’aço, tendo a forma de um sector de um paraboloide de revolução.

Refere-se á intensidade calorifica e luminosa do fóco, que fazia lembrar a do proprio sol, embora na realidade fosse tres vezes menos intensa.

Diz que foi o fóco de luz e calor mais intenso que jamais existiu sobre a terra.

N’esse fóco fez observações spectroscopicas e bolometricas que permittiam descobrir o que elle pensa ser a causa effeciente do calor e da luz do sol e das estrelas.

Refere-se ao grau supremo do calor que deve ser o polo opposto do zero absoluto, diz que foi um portuguez o primeiro que suggeriu esse problema de Physica e propoz essa denominação e espera que seja um portuguez quem fixe experimentalmente o grau do polo do calor, isto é o grau supremo além de qual seja impossivel elevar a temperatura de qualquer corpo ou meio physico.

Esse resultado será attingido com um Pyrheliophoro de alta precisão, que espera construir n’um futuro proximo.

Refere-se á curiosidade do povo americano e dos proprios sabios de todo o mundo, procurando indagar d’onde veio e quem inventou o Pyrheliophoro.

Diz que em resposta lhes apontava para a bandeira das quinas, que fluctuava sobre o arco da entrada no qual estava escripto: “Solar Apparatus” “Portugal”.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Himalayte e Pyrheliophoro - Conferencia do padre Himalaya na Liga nacional portugueza" in Diário dos Açores de 10 de Julho de 1908, nº. 5124, p. 1-2 (col. 5-6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1507.



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