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Texto da entrada (ID.1509)

Diz que desde longe o vexava o conceito de inferioridade em que eramos tidos lá fóra, e quiz protestar contra esta injustiça.

Escolheu a exposição Universal de S. Luiz, visto calcular que seria a maior batalha que até hoje se travou, em prol da civilisação, e quiz que Portugal entrasse n’essa pacifica lucta do progresso humano, com esperança de n’ella colher uma modesta mas verdadeira victoria.

A “sua esperança não foi illudida, visto que o Pyrheliophoro foi considerado um dos mais interessantes “clous” da grande exposição.

Conta em seguida os “vantajosos offerecimentos” que teve para ceder as suas patentes a poderosas companhias americanas, que desejavam a todo o transe explorar o Pyrheliophoro no proprio recinto da exposição.

O intuito d’essas companhias era construir um elevado “tapamento de madeira” em volta do Pyrheliophoro, fazer um reclamo ensurdecedor em todos os Estados da União attrair ali o povo aos milhares e extorquir de cada visitante a soma de meio dollar.

Em seguida queriam ir expor o Pyrheliophoro em todas as grandes cidades da União e arranjar assim uma nova fortuna.

Só depois d’isto é que se propunham montar uma officina à custa dos lucros que houvessem angariado, para construir os primeiros Pyrheliophoros perfeitos, e começar a explorar o invento, industrial e scientificamente.

Mas, ali perto, a Inglaterra tinha uma interessante installação, para produzir baixissimas temperaturas, onde se chegava a liquifazer e solidificar o ar atmospherico e o proprio hydrogenio.

Essa installação podia visitar-me franca e gratuitamente.

Ter Portugal ali do outro lado uma esplendida installação para produzir altissimas temperaturas ser isso a unica coisa que o genio portuguez apresentava na gigantesca exposição e ir fechal-o dentro d’um tapamento de madeira e transformal-o n’uma exploração mercantil era pratico e vantajosissimo mas pareceu-lhe mais do que uma barbaridade.

Consultado quem podia decidir foi resolvido que o Pyrheliophoro ficasse francamente exposto a publico, como se fôra uma installação nacional. E assim se sacrificou uma fortuna, em homenagem á honra da Patria.

O jury internacional da famosa exposição concedeu ao inventor o Grand Prix e duas medalhas de ouro e uma de prata ás pessoas que comprehenderam e ajudaram a levar a effeito aquelle emprehendimento.

p. 2 Diz ter saido da Exposição pobre, mas satisfeito por ter dado um pequeno exemplo do patriotismo pratico e esclarecido. Ignora se os altos poderes do Estado comprehenderam o alcance da lição que ficou dada, no meio do progressivo povo americano, em presença dos representantes mais abalisados do mundo civilisado.

Diz que se a Patria é representada por sua familia, superiores hierarchicos, condiscipulos, amigos, conterraneos sem distincção de classe ou partido, e por grande parte da imprensa de todas as cores, a Patria soube manifestar galantemente a sua gratidão e isso deu-lhe coragem para continuar a servil-a.

Depois de encerrada a Exposição foi estudar os costumes e methodos de trabalho do povo americano, a quem tece-o o mais convicto elogio, pelas suas superiores qualidades de cultura, pelo seu espirito de ordem, de asseio e de alinho, pelo seu amor à vida de familia, pela consideração e carinho que devotam á esposa, que até os engraxadores de sapatos se honram em fazer a rainha do lar, pelo zelo previdente que devotam á educação e instrucção da infancia, pelo respeito que teem pela religião e opiniões do seu semelhante.

(...)

Para completar os seus estudos, foi estabelecer-se em Washington, a capital da grande Republica, e lá começou a escrever em inglez uma memoria sobre o Pyrheliophoro.

Tendo noticia d’uma violentissima explosão de dynamite, que fez numerosas victimas, enterneceu-se pela sorte dos operários, que teem de ganhar o seu pão, manejando explosivos tão perigosos e perguntou a si proprio, se seria impossivel inventar um noo explosivo que não fosse perigoso e que tivesse pelo menos a força da dynamite.

Dedicou-se ao estudo d’essa questão, resolvendo-a em poucas semanas.

De facto, inventou duas novas polyoras, cuja força se pode graduar à vontade, fazendo 10, 20 ou 30 variedades adaptadas aos usos das pedreiras e minas, quer as rochas sejam duras, quer molles, folheadas ou compactas, homogeneas ou conglomeradas.

Continua


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Himalayte e Pyrheliophoro - Conferencia do padre Himalaya na Liga nacional portugueza" in Diário dos Açores de 11 de Julho de 1908, nº. 5125, p. 1-2 (col. 5-6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1509.



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