As propriedades de segurança e conservação da Himalayte são extraordinarias, assim:
1º É insensivel ao choque e á fricção, isto é: nenhum choque ou fricção ordinaria a pode fazer explodir
2º É indifferente ao calor e ao frio, isto é: não exsuda com o calor, não se altera com a luz, nem gela com o frio.
3º Não é hygroscopica, por isso a humidade do ar não a affecta nem prejudica.
4º Não envelhece, isto é: não se deteriora com o tempo.
5º Não se inflamma com pequenas faiscas de fogo, produzidas pelos prégos dos sapatos, ou por outro qualquer meio imprevisto.
6º Fabrica-se em cinco minutos sem o menor perigo.
7º Não é venenosa, embora seja um pouco indigesta.
8º Não mancha nem a mais fina gase de seda nem ataca os metaes.
9º Póde fabricar-se e vender-se por um preço relativamente moderado.
10º Os gazes que produz reduzem-se a vapor de agua e acido carbonico, por isso não são venenosos.
11º Não produz nem vestigios de oxydos de azote, visto que nem azote contém.
A base oxydante d’esta nova polvora é um chlorato, ou um perchlorato alcalino ou alcalino terroso.
O combustivel é um hydrato de carbone e um oleo siccativo.
Um dos typos mais rapidos contém p. 2 um peroxydo de cobre ou de manganez.
Esta nova polvora faz explosão por meio d’um estopim ou rastilho ordinario, com ou sem capsula de fulminato de mercurio.
Empregando a capsula não é necessario atacar fortemente os furos de mina ou pedreira. Um ligeiro ataque de barro, terra ou papeis basta.
A Himalayte produz mais violentos effeitos de disrupção ou rebentamento quando é finamente granulada.
A Himalayte tambem pode detonar, sendo preparada d’uma maneira especial e empregando uma capsula reforçada, ou um pedaço d’um cartucho de dynamite. Isso, porêm, não offerece vantagens sobre a Himalayte granulada senão em casos excepcionaes.
Descreve de seguida as experiencias feitas nos arsenaes da America, e relata o convite que teve para ceder o segredo ao governo d’aquelle paiz e ficar ao serviço da sua marinha, para ajudar a descobrir meios de defeza, assumpto com que aquella grande nação tanto se preoccupa.
Recusou essa proposta que o faria um millionario e lhe daria uma posição distincta, porque para isso teria de nacionalisar-se cidadão americano, e por nada daria esse passo, que sendo honroso para qualquer outro homem, para ele significaria uma traição á Patria.
Veiu a Portugal com a idéa de estabelecer aqui a sociedade mãe que ha de explorar a Himalayte, como explosivo de minas e pedreiras. Egualmente offereceu o seu invento aos nossos governos para verificarem se elle tem valor como meio de defeza dos direitos da nação.
O digno ministro da marinha procedeu a experiencias, que deram optimos resultados e mostram que o explosivo vem preencher uma lacuna importante para o rebentamento de granadas e para outros fins.
Em breve espera que se façam experiencias por conta do ministerio da guerra, visto o digno ministro respectivo havel-as já auctorisado e o governo portuguez será assim o primeiro a usar este explosivo para fins militares.
Houve outras experiencias importantes, a algumas das quaes se dignou assistir o mallogrado martyr das paixoes politicas el-rei D. Carlos, ante a memoria do qual se inclina com respeito e reconhecimento.
(...)
Diz que é certo que o seu invento será empregado nas guerras e até nas caçadas para matar homens, aves ou animaes innocentes.
Mas isso não podia nem devia impedil-o de apresentar o seu invento, que é destinado a fins bons e humanitarios.
Continua
[n.d.] - "Himalayte e Pyrheliophoro - Conferencia do padre Himalaya na Liga nacional portugueza"
in Diário dos Açores
de 13 de Julho de 1908, nº. 5126, p. 1-2 (col. 5-6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1510.
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