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Texto da entrada (ID.1538)

O cometa de Haley [sic]

O nosso collega «Novidades», transcrevendo o nosso telegramma relativo ás photographias d’este cometa, publicava a seguir um interessante artigo, do qual destacamos os seguintes periodos:

A pssagem [sic] do cometa, em questão, muito proximo da terra, tem causado uma certa preoccuprção [sic] no espirito publico. Invisivel ainda a olho nu, o cometa de Haley, após setenta e cinco annos de ausencia, precipta-se [sic], com a prodigiosa velocidade de mais de 156:000 kilometros á hora ao mesmo tempo para o sol e para a terra. E as observações feitas dia a dia calcular uma orbita rectificada, de que parece resultar que, em maio proximo, o cometa passará em face do sol e que, provavelmente, durante muitas horas, a terra permanecerá mergulhada na sua cauda.

A marcha para o sol – O cometa cresce aos olhos dos observadores

A principio, o cometa só podia ser seguido pelos mais poderosos telescopios do mundo; depois, tornou-se accessivel aos instrumentos de amador. E, effectivamente, a 10 de outubro ultimo, o sr. Nax Wolf, no observatorio de Heidelberg, viu-o em decima quarta grandeza e meia. A 19, no grande refractor de um metro do observatorio de Yerkes, os srs. Burnham e Barnard observam-no, o ultimo como uma nebulosidade de decima terceira grandeza e meia.

A 25, os srs. Biesbrok, em Uccle, e Newall, em Cambridge, viram-n’o como um pequeno objecto de quinze segundos de diametro approximadamente, bem definido, com uma condensação central.

Em Argel, os srs. Gonnessiat e Rambaud, puderam seguil-o, quasi todos os dias, desde 11 de outubro.

O sr. Giacobini, no observatorio de Paris, observou-o a 5, 6 e 7 de novembro.

No extremo limite da visibilidade, o cometa semelhava um pequeno nucleo da decima quarta grandeza approximadamente, envolto n’uma fraca nebulosidade de cinco a seis segundos de extensão.

A 22 de novembro, os srs. Philips e Halls veem-no de decima grandeza.

Todas as observações revelam o augmento de brilho do cometa.

Apresentam, todavia, algumas discordancias, que se explicam pelo facto de ser difficilimo avaliar a intensidade luminosa de uma massa nebulosa. Além d’isso, as condições locaes, os instrumentos e, emfim [sic], a maneira de avaliar, dos observadores, desempenham, n’essa determinação, um papel importante, introduzindo-lhe um grande numero de erros.

A 8 de dezembro, o sr. Quétrisset, no observatorio Flammarion de Juviny, via o cometa justamente no limite da visibilidade. O brilho podia ser de nona grandeza.

No equatorial de Om.24, o mesmo observador notou o cometa como uma nebulosidade ligeiramente alongada.

Sendo, pois, de decima setima grandeza em meados de setembro, quando foi descoberto, o cometa de Halley [sic], tornando-se cada vez mais brilhante é hoje accessivel aos pequenos instrumentos.

Durante este mez poderá ser visto muito provavelmente com um binoculo.

O cometa em conjunção com os diversos planetas – A terra na cauda do cometa

O cometa passou na sua carreira ascendente ha tres dias, a 17, ás 9 horas da noite, e, na descendente, deve passar a 18 de maio, ás 2 da tarde. A 11 de março, ás 2 da tarde, encontrar-se-á a egual distancia do sol e da terra e passará no mesmo ponto a 28 de maio, ás 5 da tarde. A sua distancia minima á terra effectuar-se-á no dia 20 de maio, a vinte e tres milhões de kilometros.

O cometa esteve em conjuncção com o planeta Marte a 15 do corrente mez, ás 10 horas da manhã. No mesmo dia passou á sua minima distancia de Marte, distancia que foi de cincoenta e nove milhões de kilometros. A 28 d’este mesmo mez, estará em conjuncção com Saturno, ás duas horas da manhã. E, em fins de março, terá o seu occaso tres horas depois do pôr do sol. Poderemos, portanto, observal-o provavelmente durante a primeira semana de março. Depois, não será talvez visivel antes dos fins de abril, mas então só antes do nascer do sol.

Como dissémos, o cometa de Halley poderá reservar-nos um espectaculo pouco banal e que, se as previsões são exactas, será um acontecimento mundial: por uma parte, a passagem do nucleo «por diante do sol»; pôr [sic] outro lado, como as caudas dos cometas estão oppostas ao sol, a passagem da terra na «cauda do cometa[»]. Não se póde ainda affirmar que esta passagem se effectuará, mas é muito provavel.

Basta, todavia, uma ligeira perturbação na marcha do cometa, para que este, em vez de passar precisamente por deante do sol, passe um pouco abaixo ou um pouco acima.

No momento d’essa passagem por deante do sol, o nucleo estará a vinte e seis milhões de kilometros da terra.

Ora, as caudas cometarias attingem facilmente quarenta, cincoenta, sessenta milhões de kilometros de comprimento.

Parece, portanto, que, por algumas horas, a terra poderá permanecer mergulhada na cauda do cometa.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O cometa de Haley [sic]" in Diário de Notícias de 21 de Janeiro de 1910, nº. 15872, p. 2 (c. 6-7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1538.



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