Visita dos repórteres da Illustração Portugueza ao Museu Oceanográfico no Palácio das Necessidades. São guiados nesta visita pelo cientista Alberto Alexandre Girard, que lhes fornece informações sobre os exemplares expostos e esclarece dúvidas dos jornalistas. A certa altura da visita entra o rei D. Carlos, que acompanha parte da visita com alguns comentários e cujo trabalho científico merece grandes elogios por parte dos jornalistas da Illustração:

"E é todo o trabalho do soberano que vemos n'um momento, é toda essa faina que relembramos: os dias no seu gabinete, na paz conventual que lá móra, vendo provas, trabalhando no seu livro, classificando os exemplares, com uma paciencia de sabio tenaz, e toda essa fadiga das viagens no oceano, como simples homem de sciencia, a procurar com o coração inquieto, anciado de surpreza, o peixe raro que deve entrar no seu museu.

Ao vermos S. M. com toda a simplicidade d'um traje matinal, affavel, bondoso, interessando-se nos nossos trabalhos, sentimos dobrado respeito pelo seu nome; estava ali o chefe da nação e o presidente da Academia das Sciencias, logar que occuparia pelos seus meritos embora não fosse soberano." (p. 324)

"Mais do que nunca sentimos em S. M. o homem de sciencia que nos recebe na sua casa, na sala das suas experiencias, com bondade; com extrema amabilidade, mais do que nunca nos sentimos bem n'esta atmosphera de trabalho cujo cultor é um soberano.

(...) Ficámos ali uns momentos ainda, agora totalmente esquecidos que estavamos no paço, que estavamos nas Necessidades, onde reside S. M. el-rei, para nos lembrarmos apenas que percorreramos um museu magnifico feito á custa d'esforços pelo senhor D. Carlos de bragança que assim ganhou mais um título que ennobrece Portugal obtendo diplomas, entrando nas academias não como rei mas como homem de sciencia." (p. 325)