Rouxinol

Rouxinol não é o nome d’uma brincadera carnavalesca, não é a alcunha de algum larapio celebre, não é o titulo de nenhum romance nem de peça de grande espectaculo: o «Rouxinol» é o nome d’um novo centro de diversões que vae inaugurar-se em Lisboa no annexo do Avenida Palace, que está sendo transformado n’um sumptuoso salão onde as maravilhas da arte e da sciencia reunidas rivalisarão com a mais requintada elegancia e com o luxo mais parisiense.

A illuminação é a luz electrica e aquelle trecho da rua do Principe, onde se incia a nossa grande Avenida terá o aspecto de boulevard de Paris.

As grandes capitaes estão actualmente dotadas com estes museus a um tempo recreativos e instructivos. Em Madrid, por exemplo, são os grandes jornaes que por via de regra manteem os luxuosos salões onde a vista e o ouvido se deleitam e o espirito se educa. O salão do nosso collega o «Heraldo» é magnifico.

Em Lisboa ainda não havia um «Rouxinol». Pertence a iniciativa á empreza Maximiano & C.ª, que adquiriu no estrangeiro a ultima palavra em novidades sensacionaes.

Entre umas infinidades de cousas curiosas a exhibir, figura o magnifico phonographo «Stentor», cuja descoberta data de mezes. Inutil, pois, dizer, que nunca foi ouvido em Lisboa, onde deve causar assombro.

O «Stentor» não funcciona com auscultadores: os sons emittem se por um grande pavilhão de vidro ou de metal, com uma força que nunca foi attingido [sic] por algum outro phonographo.

As summidades das scenas lyricas, os cançonetistas em voga, as estrellas de operettas, de vandeville [sic] ou zarzuela, tudo por ali passa. Falta só vel-as, porque ouvil-as, é como se estivessemos sentados n’um fauteuil no theatro onde se exhibem a valer.

A inauguração está marcada para 24 do corrente, tencionando a empreza convidar artistas, escriptores, jornalistas, etc., para essa festa.

Parte do producto das entradas no dia da inauguração é destinada pela empreza á Assistencia Nacional aos Tuberculosos, a formosa instituição de sua magestade a rainha.