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Texto da entrada (ID.1652)

O grande reservatorio de Campo de Ourique

Em terrenos de lavoura, expropriados por utilidade publica aos srs. visconde de Alferrarede, José Luiz Pereira Crespo e Manuel Marques, n’um rectangulo com 80:700 metros quadrados ao norte da rua de Campo de Ourique e em frente das ruas Ferreira Borges e Quatro de Infanteria, está a acabar de construir-se o grande reservatorio para 120:000 metros cubicos de agua, construcção a que se obrigou a Companhia das Aguas de Lisboa pelo contracto celebrado com o governo em 29 de outubro de 1888, e ulteriormente pelo de 18 de julho de 1898.

Tomando a Companhia posse dos terrenos em 12 de maio de 1889, começaram os trabalhos em 2 de de [sic] janeiro do anno seguinte, sendo dadas de empreitadas as terraplanagens a Scipion Bouvret.

O compartimento leste foi concluido e prompto para receber 60:000 metros cubicos de agua em 31 de agosto de 1891, (…).

O compartimento foi-se enchendo nas noites seguitnes e ficou cheio na madrugada de 18 de setembro de 1891.

Tratava-se de concluir o compartimento oeste, quando o governo declarou nullo o contracto de 1888 por não ter a sancção parlamentar, e por isso a Companhia das aguas suspendeu a conclusão do reservatorio (…).

Feito o novo contracto com o governo de 18 de julho de 1898, e obtida a sancção parlamentar, recomeçaram as obras do compartimento oeste na segunda quinzena de abril do corrente ano.

Por mais de uma vez se reconheceu a utilidade d’esta importante obra, pois durante varias interrupções no canal do Alviella o compartimento concluido do reservatorio de Campo de Ourique suppriu com a sua agua a falta da do Alviella.

É dos distinctos engenheiros srs. Frederico Augusto Borges de Sousa e José Emilio de Sant’Anna da Cunha Castel-Branco o projecto e memoria descriptiva d’esta importante obra.

(…)

A cota 95m,0 do nivel mais alto que a agua pode attingir dentro do reservatorio e a altura de agua 5m,0 acima do nivel dos orificios de sahida quando o reservatorio estiver cheio, determinam a posição d’este em altitude. A cobertura do reservatorio é constituida de abobadas de aresta acompanhadas de abobadas cylindricas, todas feitas de beton e appoiadas em pilares e encontros de alvenaria.

Applicou-se ás abobadas a theoria dos arcos metallicos encastrados nos extremos, de accordo com o que modernamente se tem recommendado, sobretudo para as abobadas feitas de material assas homogeneo como é o beton, por ser o unico methodo que determina completa e racionalmente a curva das pressões.

Segundo o projecto e memoria descriptiva as abobadas são sustentadas por 72 encontros de angulo, 492 encontros interiores e 874 pilares, uns e outros de alvenaria a cimento.

O rectangulo definido pelos parametros interiores dos muros de contorno tem 216 metros de comprimento por 121m,26 de largura.

Cada compartimento, dividido em nove partes, rectangulares em planta, que concretamente designaremos pelo nome de systemas, sendo cada uma das partes coberta por abobadas que se mantêem estaveis sem dependencia das outras partes, nem dos muros de contorno.

Em cada systema a região central, que é a mais extensa, está coberta com abobadas de aresta de 0m,7 de flecha, projectando-se horisontalmente em quadrados de 3m,5 de lado e apoiando-se e pilares quadrados de 0m,6 em quadro. No perimtero a cobertura é feita por abobadas cylindricas, tambem de 0m,7 de flecha e 3m,5 de abertura, tendo 2m,6 de comprimento; os eixos d’estas abobadas são perpendiculares aos lados do rectangulo em que se projecta horisontalmente o systema e estão no prolongamento dos eixos das abobadas de aresta ha pouco referidas, ás quaes servem de encontros os apoios das abobadas cylindricas[.] Estes apoios são prismas, cuja base mede 2m,60 X 0m,6.

Os encontros, que ficam adjacentes aos muros de contorno parallelos ao muro divisorio, teem a base com o comprimento de 4m,38 e ficam com maior base do que a exigida pelas condições de estabilidade; pratica-se em cada um d’elles um vasto abobadado, de volta inteira, a exemplo do que se realisou nos grandes reservatoros de Paris.

Em cada systema a abobada de aresta que fica mais proxima de qualquer dos angulos, em vez de terminar no cruzamento das cordas de 3m,5 (dos circulos correspondentes aos intradorsos nas testas) prolonga-se para o lado do angulo até ao ponto de encontro dos diametros, isto é, até ao plano horisontal que contém os centros dos intradorsos. Serve de appoio a essa abobada um massiço de base quadrada de 1m,81 de lado, que tambem recebe os impulsos dos berços do perimetro que lhe estão adjacentes, berços cujas impostas ficam a alturas desiguaes.

Os angulos contiguos ao pavilhão do reservatorio teem, pelos motivos que adiante referimos, disposição diversa da que acabamsos de descrever.

(…).

Todas as abobadas, que cobrem os systemas são de beton feito com argamassa de cimento de Portland; (…).

Todos os pilares e encontros dos systemas são feitos de alvenaria hydraulica, com argamassa de pozzolana na proporção de 1 de pozzolana por 2 de cal e por 3 de areia, ou com argamassa de cal de Theil na proporção de 300 kilogrammas de cal por 1 metro cubico de areia. (…).


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O grande reservatorio de Campo de Ourique" in Diário de Notícias de 16 de Novembro de 1900, nº. 12554, p. 2 (c. 5-7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1652.



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