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Texto da entrada (ID.1685)

O cometa de Halley

O cometa de Halley affasta-se de nós nesta occasião, ao mesmo tempo que se approxima do Sol.

Em 4 do corrente, atravessava a orbita de Marte e estava a 230 milhões de kilometros do sol, distancia esta que, segundo os calculos de Flammarion, diminuirá rapidamente. Em 14 deste mez será de 208 milhões de kilometros, em 24 será de 185 milhões, em 6 de março será de 162 milhões, em 16 será de 139 milhões, de 118 em 26, de 100 em 5 de abril, e ir-se-á encurtando até ao dia 20 de abril, data em que começará a affastar-se do sol. Atravessará então as orbitas de Mercurio e Venus.

[ver imagem: A trajectoria do cometa de Halley]

Quanto á terra, só para os fins de março se approximará do cometa de Halley. Por agora, affasta-se delle. Na sexta feira, a distancia era de 260 milhões de kilometros; no dia 14 a terra passará a 272 milhões, em 24 a 280 milhões e a 282 em 1 de março, para attingir no dia 6 283 milhões que será a distancia extrema[.]

Desde então a terra e o cometa virão ao encontro annunciado, attingindo a mais alta distancia no dia 19 de maio, ás duas horas da manhã, momento preciso em que atravessaremos a cauda do cometa.

Flammarion indica que Halley será visivel em abril, das 4 ½ da manhã até á aurora, e do dia 1 a 15 de maio desde as 2,45 da manhã até ás primeiras horas do dia. Na ultima quinzena de maio, o cometa mostrar-se-á em todo o seu esplendor á hora do crepusculo.

Numa das gravuras que publicamos, estão marcadas as «etapes» da excursão que o cometa anda fazendo na parte do universo que nós habitamos.

Os effeitos do cometa na Terra

Segundo a opinião de Ch. André, director do observatorio de Lyon, é provavel que nós encontremos as apparencias luminosas anormaes de 1861. O cometa[,] estando a uma alta temperatura e atravessando a atmosphera com enorme rapidez, póde modificar um pouco a temperatura sendo tambem provavel que, como elle está, decerto, fortemente electrisado, produza variações bruscas no estado electrico da atmosphera e no campo magnetico terrestre, variações que serão registadas fielmente pelos apparelhos de que hoje se dispõe. Não será tambem para estranhar nem alarmar uma chuva de estrellas, e que o cometa apresente em cada dia variados aspectos.

[ver imagem: Aspectos dos cometas: em 1843 (1), em 1874 (2), em 1811 (3), em 1858 (4), em 1881 (5), 1861 (6), e em 1873 (7)]

Perigo para nós não existe, affirma-se. Parece confirmado que a cauda de Halley é composta de gazes mortiferos, mas é certo que a terra não poderá ser penetrada por esses gazes infinitamente leves e que ella atravessará como uma balla.

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Ponta Delgada, 9. – O cometa visto aqui em janeiro é o Tempel e não o Halley.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O cometa de Halley" in Diário de Notícias de 10 de Fevereiro de 1910, nº. 15891, p. 1 (c. 4 (imagem: c. 3-4)). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1685.



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