Texto da entrada (ID.1710)
Um invento portuguez de grande utilidade
O sr. Germano de Mattos, antigo official da marinha mercante, exerce, vae para 15 annos, com o maior zelo, o cargo de capitão do porto de Inhambane, porto cuja entrada era difficil, não só porque a barra é sujeita a differentes variações e apertada entre baixos perigosos e tambem variaveis, mas ainda porque o caminho a seguir até á villa é longo e sinuoso.
Graças aos seus estudos hydrographicos e á sua tenacidade, conseguiu elle que, a pouco e pouco, fossem sendo auctorisadas e construidas as necessarias balisas, umas fixas de alvenaria, outras moveis; por fórma que hoje os navios podem entrar a barra e continuar até ao fundeadouro da villa com relativa facilidade, até mesmo sem auxilio de piloto. Todos os commandantes, tanto dos navios de guerra como dos paquetes, o affirmam, e com tanta mais confiança demandam aquelle porto, quanto é certo saberem que a vigilancia extrema do sr. Mattos nunca deixa passar despercebida qualquer alteração occorrida, por mais insignificante que seja, sem as assignalar immediatamente com as convenientes mudanças na posição das boias e marcas.
Houve, porém, sempre duas marcas que por terem de estar installadas n’uma montanha muito arborisada, são pouco vesiveis [sic] quando o sol está do lado da montanha, o que succede depois do meio dia.
A auctoridade maritima superior da provincia julgou que se remediaria este inconveniente adaptando ás marcas umas espheras de vidro de espelho em que o sol se reflectisse, e effectivamente foram compradas na Europa duas grandes espheras com 70 centimetros de diametro por um preço muito elevado; mas que não deram resultado algum, tendo por isso de ser retiradas. Mas o mesmo não succedeu com uns apparelhos estudados e construidos pelo capitão do porto e que consistem em calotes esphericos, a que foram applicadas 40 facetas de espelho, tendo o conjunto dois movimentos: um horisontal e outro vertical, dados por duas ventoinhas.
Estes calotes foram applicados ás duas marcas da montanha, produzindo constantes relampagos pela reflexão do sol nos espelhos, visiveis desde o alto mar.
Desappareceu pois, assim, a unica difficuldade que ás vezes embaraçava os navios. E como a barra tem hoje maior largura e um fundo minimo de vinte pés em baixa-mar de aguas vivas, pode dizer-se que o porto de Inhambane é presentemente um dos melhores e o mais bem balisado de toda a colonia.
O commandante do cruzador allemão «Bussard», que ha tempos visitou Inhambane, em uma nota enviada ás auctoridades portuguezas manifestou até a opinião de que é uma das melhores de toda a Africa Oriental.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "Um invento portuguez de grande utilidade"
in Diário de Notícias
de 4 de Março de 1910, nº. 15913, p. 7 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1710.
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