Crónica Literária

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Amigos de Ribeiro Sanches: J. H. de Magellan, de Ricardo Jorge. – 1910, Lisboa, 25 pág.

O Sr. Dr. Ricardo Jorge compraz-se, ha muito, em desenterrar mortos, como êle diz pinturescamente, ou, antes, em exhumar piedosamente os despojos abandonados daqueles que são, por igual, gloria e oprobrio da patria.

Coube agora a João Jacinto de Magalhães a vez de sair da penumbra, se não do esquecimento, em que a injustiça da patria tem mantido aquele ilustre nome.

Magalhães, descendente do celebre descobridor do estreito a que deu o nome, exilou-se da patria, para evitar as mordeduras da inveja, percorreu a Europa, residiu em Paris e Londres, e, sob o nome de Magellan, ocupa lugar eminente na renovação das ciencias físico-naturais. Pertenceu ás Academias de Paris, Londres, Berlim, Bruxelas, San-Petersburgo, Lisbôa [sic], etc.; manteve intimidade literária e cientifica com os maiores sabios europeus do seculo XVIII; colaborou nas mais notaveis Revistas cientificas da Europa; deixou numerosas obras sobre letras e ciencias, e, conforme se lê na famosa Biographie Universelle de Michaud, é considerado um dos homens que mais contribuiram para o progresso da fisica, na ultima metade do seculo XVIII.

E daqui se vê que valeu realmente a pena desenterrar-se este ilustre morto, de cujo nome os nossos contemporeneos raro terão ouvido falar sequer.

Bem haja o indefesso investigador, que se não poupa a fadigas, para que a patria conheça os que melhor a honraram, e que a injustiça dos tempo<s> tornou desconhecidos ou estranhos.

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CEDEF.