Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.1784)

Quedas d’agua da Serra da Estrella

Foi já entregue no ministerio das obras publicas, o projecto elaborado pelo distincto engenheiro o sr. Antonio Rodrigues Nogueira, referente ao aproveitamento das aguas fluviaes que annualmente caem na bacia hydrographica da «Lagôa comprida», na Serra da Estrella, para uma installação hydroelectrica.

Na opinião dos technicos é um trabalho valiosissimo e o primeiro no genero que tem apresentado a engenharia portugueza.

O seu autor já se tem evidenciado em varios trabalhos de engenharia mechanica, sendo por tal motivo considerado dos mais talentosos membros de tão importante classe.

Projectam-se as seguintes obras: um dique destinado a augmentar o volume d’agua da «Lagôa» de modo que este funccione como uma grande albufeira, cujo fim é regularisar o escoamento das aguas fluviaes; «duas estações centraes» onde se installarão os mechanismos necessarios para transformar a energia potencial de agora, em energia mechanica, e esta em energia eléctrica; «canalisações metalicas» destinadas a conduzir a agua, sob pressão, desde a albufeira até aos pontos precisos; um «canal de alvenaria» destinado a conduzir a agua sem pressão.

A potencia da installação, depende da quantidade de agua colhida na bacia hydrographica da «Lagôa comprida».

O posto de observações meteorologicas, que está mais proximo d’esta bacia, é o «Posto da Serra da Estrella», cujas observações serviriam para determinar a quantidade d’aguas que mensalmente concorrem a [sic] «Lagôa comprida».

As vantagens economicas da installação hydro-electrica da «Lagôa Comprida», de que resa a memoria descriptiva e justificativa d’essa grande obra, extractamos os seguintes periodos:

«Todas as propriedades e estabelecimentos industriaes, situados nas margens do «Rio Alva», a jusante da Ponte de Jugaes, e que aproveitam as aguas d’este rio, serão largamente beneficiadas; porque, tanto umas como os outros, durante a estiagem, verão augmentar o caudal, reduzidissimo agora, que será engrossado com as aguas represadas na «Lagôa Comprida», as quaes se escoarão, durante todo o anno, de modo regular e permanete, atravez das canalisações projectadas.

Os campos sequiosos até agora, durante o estio, poderão ser fartamente irrigados; os estabelecimentos fabris, que actualmente reduzem, ou cessam até, o seu labor durante alguns mezes do anno, pódem produzir com regularidade; outros estabelecimentos poderão crear-se; os perigos das inundações serão afastados ou, pelo menos, attenuados; e, por isso, as propriedades marginaes ficarão mais garantidas e valorisadas.

Durante a construção das obras projectadas e montagem dos machinismos destinados á installação hydro-electrica da «Lagôa Comprida», os povos limitrophes serão largamente beneficiados; porque serão estes que absorverão uma grande parte do capital destinado á execução dos trabalhos.

E não é só durante a construcção que aquelles povos hão de ter grande proveito das obras projectadas. O consumo dos productos locaes não será maior sómente durante o periodo da construcção: sel-o-ha ainda depois das obras concluidas, porque estas determinarão o estabelecimento de outras industrias que virão aproveitar a nova força creada.

E todas estas officinas, e estabelecimentos dependentes, occuparão um pessoal numeroso, consumidor, que valorisará os productos do solo, e augmentará as relações commerciaes d’aquella região.

Mas estas vantagens, de interesse local, apesar da sua importancia indiscutivel, quasi que desapparecem deante das que resultarão para o paiz.

Póde dizer-se que «vamos crear» uma potencia de 40 milhões de cavallos-hora, por anno.

Para produzir esta potencia seria preciso consumir, em media, 60:000 toneladas de carvão; isto é, seria preciso exportar annualmente 300 contos de réis em ouro.

Isto equivale a dizermos que a riqueza publica augmentará mais de 6:000 contos!

Mas não é só isto. Tendo nós a energia barata, além de deixarmos de ser tributarios do estrangeiro annualmente, por aquella somma, promoveremos o desenvolvimento da industria nacional, concorrendo ainda mais para o augmento da riqueza do nosso paiz.

Propomo-nos, pois, realisar uma obra de «verdadeira utilidade publica».


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Quedas d’agua da Serra da Estrella" in Diário de Notícias de 18 de Abril de 1910, nº. 15957, p. 4 (c. 2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1784.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Notícia Original

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Indústria
Outros

Outros
Palavras Chave


Notícia