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Texto da entrada (ID.1853)

Machina de votar

Um invento engenhoso

Depois de se terem inventado machinas para escrever, para falar, para calcular, para voar, para barbear, etc., não será caso de espanto saber-se que tambem existe uma machina de votar, que é, como quem diz, uma machina de fabricar deputados, directores de bancos, companhias ou associações, e, o que é mais, de manifestar com exactidão a maioria de opiniões favoraveis ou desfavoraveis dos assistentes a qualquer peça theatral, etc.

Mas, perguntará o leitor: para que era preciso uma machina de votar, se as eleições sempre se fizeram sem o auxilio d’esse instrumento?

A isso responde o inventor, por signal italiano, dizendo que a machina evita as «chapeladas», garante a genuidade do voto e a fiscalisação dos eleitores; ao mesmo tempo o segredo previsto na lei é completo.

E o inventor não só diz estas coisas, como as prova, não só por si como por meio dos seus representantes, fazendo funccionar o seu apparelho.

Ainda hontem o nosso collega sr. Arthur Tavares de Mello, nas salas da Associação dos Jornalistas, e perante muitas pessoas escolhidas, fez trabalhar a machina de votar, dando sobre ella explicações claras e facilmente ao alcance de todas as intelligencias.

Eis como funcciona a machina ou «Pséphographo», como tambem lhe chamam:

O «Pséphographo» baseia-se sobre dois principios d’uma simplicidade elementar: a «força da gravidade» como base e a «alavanca» como meio.

O apparelho, que tem um metro de altura, está munido de tantas aberturas quantos forem os candidatos, se se tratar d’uma eleição de pessoas, ou de opiniões, ou se se tratar d’um plebiscito sobre um assumpto qualquer.

No primeiro caso (eleições), por cima de cada uma das aberturas figura o nome bem visivel, e, para os analphabetos, a côr que substituir o nome e que fôr convencional, ou mesmo o retrato do candidato.

No segundo caso (plebiscito), figurarão tres respostas – A favor – Contra – Abstenção – por cima das mesmas aberturas.

O eleitor, depois de confirmar o seu direito de voto, receberá do presidente da mesa uma simples rodella com o peso de 92 grammas, devida e officialmente carimbada. Chegando ao «Pséphographo», procura o local onde estão as respectivas aberturas, (as quaes o publico não vê por estarem occultas por duas divisorias feitas expressamente) e deita a rodella de que vem munido na abertura que disser respeito ao candidato em que desejar votar, ou á sua opinião sobre qualquer assumpto.

A queda da rodella metallica desenvolve um systema de alavanca cujo movimento faz apparecer n’uma parte, em seu mostrador constantemente visivel, a cifra que representa n’aquelle momento o numero total de votos contados, e n’outra parte, em outro mostrador collocado mais alto e que está invisivel durante a votação, a cifra correspondente á votação que já tem o candidato em quem o eleitor votou.

Encerrado o escrutinio, o presidente levanta uma especie de tampa metallica que mostra ao lado do total já conhecido dos votos, o annexo de votos que teve cada candidato, ou cada opinião.

O resultado do escrutinio é, pois, conhecido immediatamente, sem recorrer, como ainda actualmente se faz, á formalidade da contagem e leitura, voto por voto, origem de contestações, erros, violencias, que conduzem tantas vezes á annullação da eleição, e por consequencia tempo perdido.

Ora agora saiba o leitor que a machina de votar, que constitue verdadeira novidade entre nós, está lá fóra, por assim dizer, já vulgarisada.

O Diario de Noticias já ha mezes deu noticia do invento de que hoje voltamos a occupar-nos, nos interessantes «kodaks» do nosso collega Eduardo Coelho.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Machina de votar" in Diário de Notícias de 5 de Maio de 1910, nº. 15974, p. 7 (c. 4). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1853.



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