Texto da entrada (ID.1912)
O processo contra o pretendido engenheiro Lemoyne, por causa de uma fingida maneira de fabricar o diamante, veiu despertar de novo a atenção sobre este curioso problema, que a chimica de acordo com a physica cogitam desde muito tempo e que parecia estar para breve a ser resolvido, em vista das extraordinarias experiencias realisadas por Moissan, pouco tempo antes da sua morte, com o invento do forno electrico um verdadeiro clarão de gloria, que envolve o nome já d’antes venerado do sabio francês.
(fala sobre a extracção de diamantes)
O diamante sabido é que representa na fórma cristalina, mais ou menos regular, um dos mais importantes elementos chimicos espalhados em a Natureza – o carbonio. Diz-se nesta fórma chimicamente puro, conquanto o não possa ser em absoluto, pois que a sua combustão no oxygenio deixa um residuo solido avaliado em 1,1000 e talvez 1,500 do cristal destruido por este modo.
O precioso cristal arde pois no oxygenio e á descoberta d’esta notavel propriedade, que levou os chimicos ao segredo da constituição d’elle, ligam-se os nomes imortaes de Newton e Lavoisier. O diamante queimando-se n’aquelle gaz produz o anhydrido carbonico, pela intima união dos dois corpos e estabelece de vez a simplicidade da sua natureza.
Newton previra a combustibilidade do diamante, a qual foi experimentada por Lavoisier em 1772 e repetida por Davy em 1816.
Se o carbonio existe largamente disperso, nos tres reinos e sob variadissimas formas, e não se pode dizer assim do diamante, a sua forma cristalina, pelo contrario raramente acantoada em pontos priveligiados do globo, onde com insistentes e perigosos esforços vae desencantal-o a ambição humana, na forma de uma das mais poderosas industrias. O seu valor e o seu preço crescem até certo ponto, na rasão do quadrado do seu peso e fora de proporção, quando se trata de gemas excepcionaes em tamanho e peso.
(...)
A fabricação de gemas artificiaes não é simplesmente uma tentativa. Se não existe com a amplitude de certas explorações industriaes, consegue em limitado ambito os fóros de uma experiencia scientifica, que visa fóra do laboratório uma expansão commercial lucrativa. Actualmente a fabricação do rubi em bellos cristaes, tão limpidos como os orientaes, mas d’infinitamente menor preço, é um facto. Deve-se a um francês, Verneuil, os tabalhos conducentes a essa nova industria. Para a obtenção do diamante de laboratorio, ainda muito longe de uma promessa de entrar na epocha de facil industrialisação luta-se com enormes difficuldades, apenas em pequena escala venciveis, á custa de condições artificiaes, que absorvem uma grande despeza, o que torna o diamante synthetico tanto ou mais caro que o natural, á semelhança do que acontece com o radio e outros corpos raros, laboriosamente entrevistos e separados pelos chimicos e cujas fracções milesimas de peso custam fabulosas quantias.
Continua
Bettencourt Ferreira
Referência bibliográfica
Bettencourt Ferreira - "Actualidades - Pela sciencia - Ácerca dos diamantes – Diamantes naturaes – Diamantes artificiaes – Diamantes escuros – Diamantes celebres"
in Diário dos Açores
de 25 de Julho de 1908, nº. 5137, p. 1-2 (col. 6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1912.
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