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Texto da entrada (ID.1922)

A photographia dos astros

A falta de rectificação e de installação definitiva do instrumento que foi apropriado para photographar o cometa de Halley, a par d’uma quadra de péssimas condições atmosphericas, inhibiram a obtenção d’uma photographia d’este tão discutido astro no observatorio de marinha.

O cometa de Halley, depois da conjuncção heliocentrica, inferior, seguin [sic] regularmente a marcha calculada pelos emeritos astronomos de Greenwich, Cowell e Crommeliu, tornando-se visivel na direcção Oeste e depois do occaso do Sol, como estava prognosticado; comtudo [sic] as condições athmosphericas, depois d’esse phenomeno, no clima de Lisboa, foram bastante desfavoraveis.

Elle foi observado á vista desarmada alguns dias depois da referida conjuncção, como uma nebulosa bastante condensada, tendo o brilho d’uma estrella de terceira grandeza, deixando seguidamente de ser visivel devido ao céo estar quasi sempre coberto de nuvens; apezar d’estas circumstancias [sic] tão pouco propicias, para o estudo do mesmo cometa, no citado observatorio fez-se todo o possivel para o photographar.

Adaptado á luneta (com que até hoje se tem feito o estudo da physica solar) um pé equatorial, isto é, dando á luneta um machinismo que lhe permittisse o movimento parallactico, foi aguardada a occasião para photographar o cometa de Halley.

O deslocamento da abobada celeste, consequencia de serem vistos o Sol, a Lua e as estrellas apparecerem na direcção de Este e elevarem-se acima do horisonte para se occultarem na direcção de Oeste, não passa d’um phenomeno apparente, provocado pelo movimento de rotação da Terra. Embora este deslocamento seja pouco sensivel á vista desarmada (com excepção na proximidade do horisonte por causa dos pontos de referencias) é demasiadamente sensivel, quando se observa o phenomeno com luneta telescopica.

A resolução do problema está, portanto, em poder seguir exactamente a marcha dos astros, de tal modo que estes conservem sempre a mesma situação no campo da luneta.

Foi esta installação simples e rudimentar, como mostra a photographia junta, que acaba de ser construida na officina de instrumentos nauticos, pelos operarios Martins e Araujo sobre os moldes dados pelo director da mesma officina, o capitão-tenente e engenheiro hydrographo, Ramos da Costa.

Esta luneta serve tambem para o estudo d’astrophotographia pela applicação de uma camara photographica (construida na mesma officina) munida d’uma objectiva Dallineyer e ainda pela applicação da mesma camara photographica, sem objectiva, servindo portanto a objectiva da luneta (tele-objectiva) como se tem feito com o Sol, cuja photographia publicamos, nos estudos elementares da physica solar, iniciados ha mezes.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A photographia dos astros" in Diário de Notícias de 28 de Junho de 1910, nº. 16028, p. 7 (c. 2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=1922.



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