Notícia da reunião da assembleia geral, ocorrida na véspera, em cuja ordem de trabalhos constou:

a) a aprovação dos nomes dos sócios que irão constituir “as mesas das diversas commissões scientificas da sociedade no anno de 1905”;

b) a leitura de uma proposta da direcção, aprovada “sem discussão e por unanimidade”, com menção aos nomes desses sócios, e cujo teor foi transcrito:

“«Senhores: – Por mais de uma vez tem a Sociedade de Geographia recorrido a commissões eventuaes para organisação de excursões de estudo ou de diversão educativa, como foram as que prepararam a expedição á Serra da Estrella, a excursão a Vizeu por occasião do eclipse solar e a que lançou os fundamentos para o proseguimento [sic] do estudo das serras de Portugal, organisando os programmas para a expedição á serra Nogueira, no [sic] provincia de Traz-os-Montes, e que ainda está pendente, aguardando epocha propicia para se levar á pratica.

No presente anno offerece ensejo para se realisar uma outra excursão para fim analogo á de Vizeu, mas de mais longo trajecto e de não menos interesse. Proporciona-nos ella opportunidade de se visitar o extremo noroeste do [sic] Hespanha; motivando essa visita a observação do eclipse total do sol no dia 30 de agosto, visivel numa zona que atravessa a peninsula entre o Ferrol e as Baleares, tendo a sua maior phase ao meio dia.

Constituir a missão para esse estudo scientifico, sempre de um palpitante interesse, organisar em volta della um largo gcupo [sic] excursionista para estar no Ferrol nas vesperas daquelle phenomeno da vida astronomica, é um trabalho urgente que poderia ser entregue a uma commissão especial; mas como os factos que motivam estas e outras excursões se podem repetir pareceu á direcção preferivel constituir, nos termos estatutarios uma secção de excursões de estudo, que tenha por fim desenvolver o gosto pelas viagens, fazendo propaganda activa em favor das missões scientificas realisando por assim dizer na nossa sociedade, um grupo alpinista no genero dos clubs alpinos francezes, suissos e italianos que tantos e tão proficuos serviços teem prestado á civilisação.

Entre nós, onde o estudo systematico das nossas montanhas está por fazer, é de uma urgente necessidade, fundar um corpo de exploradores, de verdadeiros alpinistas scientificos que subindo encostas, trepando aos mais altos pincaros das serras estudem os climas, a flora, a fauna, as rochas e as torrentes das zonas de altitude, descrevam os monumentos, os usos, costumes e typos dos povos que porventura os habitem. (…).»”