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Texto da entrada (ID.2098)

Real Instituto de Lisboa

Realisou-se hontem a sessão annual deste estabelecimento scientifico e de ensino gratuito.

Pronunciou

A oração de «Sapientia»

o sr. general Schiappa Monteiro, lente da Escola Polytechnica, depois de um excellente preámbulo, em que elogia o merito dos oradores que, nos demais annos, pronunciaram identico discurso, e exalta a obra scientifica e os serviços do sr. Antonio Cabreira, fundador do Instituto, o sr. Schiappa Monteiro enuncia o seguinte principio, exposto por d’Alembert:

«O Universo, para quem podesse abrangel-o dum só ponto de vista, não seria, por assim dizer, senão um facto, uma grande verdade». Este ponto de vista, com relação ao infinito, está nas mesmas condições inattingiveis em que se achava o celebre ponto de appoio a que se referiu Archimédes.

Para se attingir o objectivo da Sciencia, é indispensavel proceder segundo o salutar principio da divisão do trabalho, pois que a intelligencia humana não póde abranger simultaneamente todos os ramos do saber, convindo, por isso, que os estudiosos escolham, de entre diversos ramos, aquelles que mais se harmonisam com as suas aptidões. Mas as investigações a que os estudiosos se entreguem, não devem ficar absolutamente independentes umas das outras, e sim concatenadas sob o criterio superior da verdade, estrella brilhante que deve guiar o progresso da humanidade.

O sr. general Schiappa Monteiro justifica depois a existencia dos institutos scientificos, como nucleos onde se concentra a actividade intellectual, na sua dupla funcção de produzir e de transmittir, actividade que só será proficua, quando se inspire na razão, na justiça e na liberdade.

Em seguida, o orador evidencia quanto o fanatismo e a intolerancia religiosa obstaram ao desenvolvimento das Sciencias, das Letras e das Artes, conduzindo ainda Portugal a lamentaveis desastres, como foram os de Alcacer Kibir e o dominio dos Filippes. Allude tambem aos manejos da Inquisição e da Companhia de Jesus, da qual triumphou o marquel [sic] de Pombal, que foi, decerto, um dos primeiros estadistas da Europa, como prova a sua benefica acção em todos os ramos da actividade portugueza.

O illustre homem de sciencia, em phrase eloquente e sentida, affirma que o paiz saberá pagar ao immortal ministro de D. José uma grande divida de gratidão e protestará solemnemente contra o impulso da reacção, contribuindo largamente para o monumento que vae erigir-se.

O sr. general Schiappa Monteiro faz depois uma bella synthese dos ultimos progressos das sciencias e da obra das Academias mostrando quanto lhe deve o pensamento humano, e dos quaes é typo completo o Real Instituto de Lisboa, pois se lhe esmalta o amor pela instrucção de que é incontestavel testemunho o brilhantissimo exito colhido pelos seus cursos gratuitos.

(…).


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Real Instituto de Lisboa" in Diário de Notícias de 1 de Maio de 1905, nº. 14159, p. 4 (c. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2098.



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