Sanatorio da empreza «Hohenlohe» na ilha da Madeira
Inauguração dos trabalhos do sanatorio dos pobres
Projecto de um grande kurhotel para tratamento dos predispostos á tuberculose
Realisa-se hoje, no Funchal, a cerimonia do lançamento da primeira pedra do sanatorio dos pobres, que segundo telegrammas recebidos d’ali, será revestida de grande solemnidade, assistindo todas as auctoridades e pessoas de maior representação.
É um facto de sensação para os funchalenses e com fundadas razões, não só porque se trata da realisação pratica de um grandioso projecto, emprehendido pelo príncipe Frederic Charles Hohenloe, que mira transformar a Madeira, já rica nas suas belezas naturaes, na mais luxuosa, confortavel, e encantadora estação de inverno, mais ainda porque o edificio, cujos trabalhos se inauguram hoje é destinado a uma santa obra de caridade, digna, sem duvida, dos enthusiasticos applausos do publico.
No grande plano de sanatorio da empreza «Hohenlohe» os pobres teem o seu logar e é por elle que começam os trabalhos, facto merecedor de especial menção e sobremaneira honroso para a empreza.
É no edificio destinado a socorrer aquelles que, atacados pela tuberculose, não teem nos recursos proprios, meios de defeza contra o terrivel flagello, nada falta, a calcular pelo projecto, de commodidades, conforto e recursos medicinaes, podendo considerar-se um estabelecimento modelo, mesmo em confronto com os melhores do estrangeiro.
Além do sanatorio dos pobres o pla no delineado pela empreza «Hohenlohe» e já approvado pelo governo comprehende dois grandes edificios: – um sanatorio de montanha destinado aos tuberculosos ricos e um luxuoso Kurhotel ou sanatorio maritimo, para tratamento dos predispostos á tuberculose – não contando com os sanatorios de altitude que estão dependentes de observações meteorológicas, nem com as installações já feitas «Quinta Sant’Anna», que apesar de provisorias, teem causado a admiração de todos os seus visitantes, pela forma elegante e pratica como estão montadas.
Do Kurhotel ou sanatorio maritimo damos hoje na nossa gravura, a fachada principal, reproduzida do projecto definitivo approvado pelo governo, por despacho ministerial de 10 de maio ultimo.
Esse Kurhotel que, segundo a planta superiormente approvada, em que foram tomadas todas as indicações das auctoridades medicas, deverá ser construido na zona do littoral, a oeste da cidade do Funchal – num magnifico parque caprichosamente talhado sobre um original rochedo cortado, ao sul, quasi perpendicularmente, que o mar acaricia com a sua alva espuma, levantando, por vezes, as alterosas ondas, como que em enthusiasticas manifestações, perante aquella obra-prima da natureza, donde se disfructa o mais grandioso panorama, constituido por uma extensa e imponente linha de montanhas que se erguem magestosas no meio do oceano e em cuja base se desenha, em amphitheatro, num fundo matizado de differentes tons de verde, a pittoresca cidade do Funchal – soberba situação que deixa extasiados todos os visitantes estrangeiros – é um sumptuoso edifício, comparavel, na riqueza da sua architectura e na elegancia e conforto das suas projectadas installações, aos mais afamados hoteis das principais capitaes da Europa.
Por esse projecto facil é calcular o alcance do grandioso plano da empreza «Hohenlohe».
Uma empreza que procura installar-se com edificios dessa grandeza, num meio ainda pouco frequentado por estrangeiros, não é, certamente, uma empreza acanhada e rotineira que vá, á custa da iniciativa alheia, procurar o que já está explorado.
O insignificante numero de estrangeiros que actualmente frequenta a Madeira é insuficientissimo, para alimentar estabelecimentos, como os projectados.
A empreza precisa crear para si uma numerosa clientela nova, constituída por gente abastada e habituada aos largos gastos da vida de luxo e com ella uma nova era de prosperidade surgirá para a Madeira, em que todos terão o seu quinhão, em que os variados ramos do commercio e da industria madeirenses serão chamados, pela força das leis economicas, a partilhar das vantagens, em que o proprio Estado receberá largamente a compensação das concessões agora feitas.
Razão pois existe, e de sobra, para que o dia de hoje, em que se iniciam os trabalhos de tão grandioso emprehendimento, seja para todos os madeirenses um verdadeiro dia de festa.
no delineado pela empreza «Hohenlohe» e já approvado pelo governo comprehende dois grandes edificios: – um sanatorio de montanha destinado aos tuberculosos ricos e um luxuoso Kurhotel ou sanatorio maritimo, para tratamento dos predispostos á tuberculose – não contando com os sanatorios de altitude que estão dependentes de observações meteorológicas, nem com as installações já feitas «Quinta Sant’Anna», que apesar de provisorias, teem causado a admiração de todos os seus visitantes, pela forma elegante e pratica como estão montadas.
Do Kurhotel ou sanatorio maritimo damos hoje na nossa gravura, a fachada principal, reproduzida do projecto definitivo approvado pelo governo, por despacho ministerial de 10 de maio ultimo.
Esse Kurhotel que, segundo a planta superiormente approvada, em que foram tomadas todas as indicações das auctoridades medicas, deverá ser construído na zona do littoral, a oeste da cidade do Funchal – num magnifico parque caprichosamente talhado sobre um original rochedo cortado, ao sul, quasi perpendicularmente, que o mar acaricia com a sua alva espuma, levantando, por vezes, as alterosas ondas, como que em enthusiasticas manifestações, perante aquella obra-prima da natureza, donde se disfructa o mais grandioso panorama, constituido por uma extensa e imponente linha de montanhas que se erguem magestosas no meio do oceano e em cuja base se desenha, em amphitheatro, num fundo matizado de differentes tons de verde, a pittoresca cidade do Funchal – soberba situação que deixa extasiados todos os visitantes estrangeiros – é um sumptuoso edifício, comparavel, na riqueza da sua architectura e na elegância e conforto das suas projectadas installações, aos mais afamados hotéis das principais capitaes da Europa.
Por esse projecto facil é calcular o alcance do grandioso plano da empreza «Hohenlohe».
Uma empreza que procura installar-se com edificios dessa grandeza, num meio ainda pouco frequentado por estrangeiros, não é, certamente, uma empreza acanhada e rotineira que vá, á custa da iniciativa alheia, procurar o que já está explorado.
O insignificante numero de estrangeiros que actualmente frequenta a Madeira é insuficientissimo, para alimentar estabelecimentos, como os projectados.
A empreza precisa crear para si uma numerosa clientela nova, constituída por gente abastada e habituada aos largos gastos da vida de luxo e com ella uma nova era de prosperidade surgirá para a Madeira, em que todos terão o seu quinhão, em que os variados ramos do commercio e da industria madeirenses serão chamados, pela força das leis economicas, a partilhar das vantagens, em que o proprio Estado receberá largamente a compensação das concessões agora feitas.
Razão pois existe, e de sobra, para que o dia de hoje, em que se iniciam os trabalhos de tão grandioso emprehendimento, seja para todos os madeirenses um verdadeiro dia de festa.