Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.2118)

Sanatorio da empreza «Hohenlohe» na ilha da Madeira

Inauguração dos trabalhos do sanatorio dos pobres

Projecto de um grande kurhotel para tratamento dos predispostos á tuberculose

Realisa-se hoje, no Funchal, a cerimonia do lançamento da primeira pedra do sanatorio dos pobres, que segundo telegrammas recebidos d’ali, será revestida de grande solemnidade, assistindo todas as auctoridades e pessoas de maior representação.

É um facto de sensação para os funchalenses e com fundadas razões, não só porque se trata da realisação pratica de um grandioso projecto, emprehendido pelo príncipe Frederic Charles Hohenloe, que mira transformar a Madeira, já rica nas suas belezas naturaes, na mais luxuosa, confortavel, e encantadora estação de inverno, mais ainda porque o edificio, cujos trabalhos se inauguram hoje é destinado a uma santa obra de caridade, digna, sem duvida, dos enthusiasticos applausos do publico.

No grande plano de sanatorio da empreza «Hohenlohe» os pobres teem o seu logar e é por elle que começam os trabalhos, facto merecedor de especial menção e sobremaneira honroso para a empreza.

É no edificio destinado a socorrer aquelles que, atacados pela tuberculose, não teem nos recursos proprios, meios de defeza contra o terrivel flagello, nada falta, a calcular pelo projecto, de commodidades, conforto e recursos medicinaes, podendo considerar-se um estabelecimento modelo, mesmo em confronto com os melhores do estrangeiro.

Além do sanatorio dos pobres o pla no delineado pela empreza «Hohenlohe» e já approvado pelo governo comprehende dois grandes edificios: – um sanatorio de montanha destinado aos tuberculosos ricos e um luxuoso Kurhotel ou sanatorio maritimo, para tratamento dos predispostos á tuberculose – não contando com os sanatorios de altitude que estão dependentes de observações meteorológicas, nem com as installações já feitas «Quinta Sant’Anna», que apesar de provisorias, teem causado a admiração de todos os seus visitantes, pela forma elegante e pratica como estão montadas.

Do Kurhotel ou sanatorio maritimo damos hoje na nossa gravura, a fachada principal, reproduzida do projecto definitivo approvado pelo governo, por despacho ministerial de 10 de maio ultimo.

Esse Kurhotel que, segundo a planta superiormente approvada, em que foram tomadas todas as indicações das auctoridades medicas, deverá ser construido na zona do littoral, a oeste da cidade do Funchal – num magnifico parque caprichosamente talhado sobre um original rochedo cortado, ao sul, quasi perpendicularmente, que o mar acaricia com a sua alva espuma, levantando, por vezes, as alterosas ondas, como que em enthusiasticas manifestações, perante aquella obra-prima da natureza, donde se disfructa o mais grandioso panorama, constituido por uma extensa e imponente linha de montanhas que se erguem magestosas no meio do oceano e em cuja base se desenha, em amphitheatro, num fundo matizado de differentes tons de verde, a pittoresca cidade do Funchal – soberba situação que deixa extasiados todos os visitantes estrangeiros – é um sumptuoso edifício, comparavel, na riqueza da sua architectura e na elegancia e conforto das suas projectadas installações, aos mais afamados hoteis das principais capitaes da Europa.

Por esse projecto facil é calcular o alcance do grandioso plano da empreza «Hohenlohe».

Uma empreza que procura installar-se com edificios dessa grandeza, num meio ainda pouco frequentado por estrangeiros, não é, certamente, uma empreza acanhada e rotineira que vá, á custa da iniciativa alheia, procurar o que já está explorado.

O insignificante numero de estrangeiros que actualmente frequenta a Madeira é insuficientissimo, para alimentar estabelecimentos, como os projectados.

A empreza precisa crear para si uma numerosa clientela nova, constituída por gente abastada e habituada aos largos gastos da vida de luxo e com ella uma nova era de prosperidade surgirá para a Madeira, em que todos terão o seu quinhão, em que os variados ramos do commercio e da industria madeirenses serão chamados, pela força das leis economicas, a partilhar das vantagens, em que o proprio Estado receberá largamente a compensação das concessões agora feitas.

Razão pois existe, e de sobra, para que o dia de hoje, em que se iniciam os trabalhos de tão grandioso emprehendimento, seja para todos os madeirenses um verdadeiro dia de festa.

no delineado pela empreza «Hohenlohe» e já approvado pelo governo comprehende dois grandes edificios: – um sanatorio de montanha destinado aos tuberculosos ricos e um luxuoso Kurhotel ou sanatorio maritimo, para tratamento dos predispostos á tuberculose – não contando com os sanatorios de altitude que estão dependentes de observações meteorológicas, nem com as installações já feitas «Quinta Sant’Anna», que apesar de provisorias, teem causado a admiração de todos os seus visitantes, pela forma elegante e pratica como estão montadas.

Do Kurhotel ou sanatorio maritimo damos hoje na nossa gravura, a fachada principal, reproduzida do projecto definitivo approvado pelo governo, por despacho ministerial de 10 de maio ultimo.

Esse Kurhotel que, segundo a planta superiormente approvada, em que foram tomadas todas as indicações das auctoridades medicas, deverá ser construído na zona do littoral, a oeste da cidade do Funchal – num magnifico parque caprichosamente talhado sobre um original rochedo cortado, ao sul, quasi perpendicularmente, que o mar acaricia com a sua alva espuma, levantando, por vezes, as alterosas ondas, como que em enthusiasticas manifestações, perante aquella obra-prima da natureza, donde se disfructa o mais grandioso panorama, constituido por uma extensa e imponente linha de montanhas que se erguem magestosas no meio do oceano e em cuja base se desenha, em amphitheatro, num fundo matizado de differentes tons de verde, a pittoresca cidade do Funchal – soberba situação que deixa extasiados todos os visitantes estrangeiros – é um sumptuoso edifício, comparavel, na riqueza da sua architectura e na elegância e conforto das suas projectadas installações, aos mais afamados hotéis das principais capitaes da Europa.

Por esse projecto facil é calcular o alcance do grandioso plano da empreza «Hohenlohe».

Uma empreza que procura installar-se com edificios dessa grandeza, num meio ainda pouco frequentado por estrangeiros, não é, certamente, uma empreza acanhada e rotineira que vá, á custa da iniciativa alheia, procurar o que já está explorado.

O insignificante numero de estrangeiros que actualmente frequenta a Madeira é insuficientissimo, para alimentar estabelecimentos, como os projectados.

A empreza precisa crear para si uma numerosa clientela nova, constituída por gente abastada e habituada aos largos gastos da vida de luxo e com ella uma nova era de prosperidade surgirá para a Madeira, em que todos terão o seu quinhão, em que os variados ramos do commercio e da industria madeirenses serão chamados, pela força das leis economicas, a partilhar das vantagens, em que o proprio Estado receberá largamente a compensação das concessões agora feitas.

Razão pois existe, e de sobra, para que o dia de hoje, em que se iniciam os trabalhos de tão grandioso emprehendimento, seja para todos os madeirenses um verdadeiro dia de festa.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Sanatorio da empreza «Hohenlohe» na ilha da Madeira" in Diário de Notícias de 24 de Junho de 1905, nº. 14213, p. 3 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2118.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Notícia Original

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema

Outros
Palavras Chave


Notícia