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Texto da entrada (ID.2130)

Salva-vidas automatico

Este apparelho salva-vidas, de Thomaz Banchini, de Roma, applicavel ás plataformas dos carros em harmonia com o espaço disponivel, compõe-se:

1 – d’uma especie «d’avental» suspenso das travessas da frente dos carros;

2 – d’uma armação dobrada em arco, constituindo o «recolhedor», que, no momento opportuno, é posto em movimento pelo avental, por meio d’um tirante e d’uma alavanca intermediaria.

O «avental» é formado por uma forte grade de ferro; a extremidade inferior A está a uma altura variavel entre 10 e 15 centimetros de modo a não tocar em terra quando o carro oscille e que um corpo de altura superior aquella o ponha forçosamente em acção, empurrando-o. O avental está solidamente preso ao eixo C onde egualmente estão fixos os encontros S e o braço da alavanca BC; portanto, o eixo C girando livremente, appoiado nos seus extremos, constitue o centro do systema ACB.

O «recolhedor» T é formado por uma armação de ferro, com o eixo em H, revestido de uma tela metalica, rede de corda, ou chapa de ferro (como no desenho) sendo estofada neste caso, no intuito de amortecer o embate mais ou menos violento, que, conforme a velocidade do carro no momento do sinistro, possa soffrer o corpo recolhido.

A extremidade R do recolhedor é munida de duas pequenas rodas, destinadas a girar sobre os carris. O recolhedor é posto em movimento pelo avental por intermedio da alavanca BDE e do tirante T.

O apparelho em repouso – O apparelho, quando na posição normal tem o recolhedor a uma altura do solo, que póde variar á vontade, em harmonia com o angulo de rotação e comprimento da alavanca. O avental deve estar collocado verticalmente e não voltado para a parte de fora, suspenso pelos encontros S, que se appoiam nas travessas. Para impedir que, sem soffrer uma certa resistencia, o avental gire para o interior, basta a pressão exercida no ponto B do braço CB da alavanca BDE, que tende a girar no eixo D, para levar o braço D E á posição DE.

A alavanca BDE é obrigada a girar no seu eixo pelo peso do recolhedor, que, em virtude da lei da gravidade, tende a cair com a extremidade libré sobre os carris, e pela tensão da mola M.

O apparelho em acção. – O corpo cahido na linha toca no avental AC que, pelo avanço do carro, é obrigado a voltar-se até CA’ ou até mais acima. (O esforço exercido contra o avental é o menos possivel, por maior que seja a pressão no ponto B e isto pelo comprimento do braço CA da alavanca). N’aquella posição o braço BC liberta o braço DE e o outro braço DE toma a posição DE’, por consequencia, L vae até L’ e R até R’.

O recolhedor, então completamente livre, assenta a extremidade inferior sobre os carris e fica prompto a recolher o corpo em perigo.

O apparelho volta á posição normal, manobrando da plataforma o braço DN por meio de uma alavanca transportavel.

O guarda freio póde, quando queira, manobrar o apparelho á sua vontade, tirando-lhe a corrente V.

Quando o carro tenha freios d’ar, o proprio avental póde manobrar e abrir uma pequena torneira no conductor geral, travando completamente o carro.

Em consequencia da forte intensidade attingida n’aquelle caso pela corrente electrica, o interruptor automatico, que cada carro deve possuir, solta-se e fecha a corrente completamente, independentemente da vontade e attenção do guarda freio no momento do desastre ou do choque contra uma pedra ou qualquer outro corpo que, sobretudo de noite, póde arruinar os motores.

Nos carros que não possuam os freios d’ar, póde alcançar-se o mesmo resultado, dispondo o circuito sobre o «Controler», de forma que uma pequena alavanca, movida pelo braço DE, no momento da queda do recolhedor, interrompa a corrente no sentido normal, estabelecendo o contacto para a contra-corrente ou para os freios electricos ou automaticos.

Vantagens sobre os outros systemas. – estão actualmente em uso salva-vidas formados por duas taboas em angulo, com o vertice voltado para o exterior, destinados a affastar dos carris e de sob as plataformas o corpo em perigo; este resultado não é, porém, attingido, porque, devendo o salva-vidas permanecer a uma altura do solo não inferior a 10 centimetros, para as necessidades da locomoção, dá logar a que qualquer parte do corpo (braço ou perna) fique entalada e por consequencia aleijada.

Além disso, se o carro caminhar com grande velocidade, basta o choque do corpo contra o salva-vidas para causas a morte immediata.

Ha outros apparelhos que se fixam solidamente na frente dos carros, munidos de pequenas rodellas imitando carretos e que, andando habitualmente levantados, caem por meio de um manobra do guarda freio no momento do perigo.

Estes apparelhos, além de prejudicarem a esthetica, são incommodos, desviam-se e estragam-se facilmente, porque estão expostos aos choques com os outros vehiculos, e não preenchem os fins a que são destinados, porque, andando levantados, é facilimo passarem por cima do corpo em perigo.

O guarda-freio necessita para o manobrar de grande serenidade e precisão clara, que geralmente não tem na occasião de perigo, e tendo que fazer outras manobras para travar o carro.

O apparelho em questão, sem prejudicar a esthetica, pois está quasi todo sob a plataforma, tem a superioridade de cahir no momento opportuno, é de acção segura para recolher «em si» de preferencia a deixar passar «sob si» o corpo a salvar.

O abaixamento do recolhedor no momento opportuno é segurissimo, pois que, como se vê, o avental, que faz de sentinella, antes de deixar passar o corpo, deve fazer soltar as alavancas, occasionando a queda do recolhedor.

Quando o corpo, por ter ficado em má posição, não seja recolhido, será projectado para um dos lados da linha, evitando sempre o esmagamento pelas rodas.

É um apparelho simples e de grande utilidade.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Salva-vidas automatico" in Diário de Notícias de 5 de Julho de 1905, nº. 14224, p. 3 (c. 2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2130.



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