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II
O catalogo internacional de litteratura scientifica (1)
Em Julho de 1896 realisara-se em Londres no edifício da «Sociedade Real», a conferencia internacional convocada para discutir a conveniencia e possibilidade de compilar e publicar, por meio de cooperação internacional um «Catalogo completo de Litteratura Scientifica».
Essa conferencia em que quasi todos os paises amigos das sciencias se achavam representados por 42 delegados opinou que era para desejar que se compilasse e publicasse esse catalogo, em harmonia com as indicações feitas na circular primitiva da «Sociedade Real».
Resolveu-se que a administração a essa em preza fosse confiada a um «Bureau Central Internacional», sob a direcção de um conselho internacional, que fosse feita a publicação em inglez, sendo tambem approvado, por acclamação, que a séde do Bureau Central fosse Londres.
A conferencia, não acceitando nenhum dos systemas propostos de classificação, pediu á «Sociedade real» que nomeasse uma commissão que interferisse nesse e n’outros pontos não decididos.
A commissão nomeada reuniu-se com frequencia e nomeou um certo numero de subcommissões, encarregadas de elaborar projectos de classificação para os diversos ramos das sciencias.
Publicou, depois, o plano do catalogo internacional acompanhado de um relatorio levado ao conhecimento dos governos, que haviam tomado parte na conferencia de 1896, por intermedio do ministro e secretario de estado inglez respectivo. Reuniu-se uma outra conferencia em outubro de 1898. Os detalhes de execução foram confiados a uma commissão internacional provisória (composta de sabios das principaes nações da Europa e dos Estados Unidos), incumbida de appresentar parecer até 31 de julho de 1899, a fim de ser publicado pela «Sociedade Real», em nome da Conferencia.
A segunda conferencia internacional, depois de uma serie de sessões laboriosas (em que se ventilaram questões difficeis e delicadissimas) resolveu recommendar a realisação de uma conferencia internacional, pela Paschoa de 1900, afim de decidir todas as questões concernentes ao catalogo.
Essa conferencia decidiu que o «Catalogo» devia constar de 17 volumes, relativos a 17 sciencias diversas.
Os representantes de 6 paizes subscreveram logo, officialmente, 164 series de volumes, e os de outros Estados declararam, semi-officialmente, que os seus governos subscreviam, provavelmente, 30.
A «Sociedade Real» responsabilisou-se pelos prejuizos da publicação, mediante certas condições que se verificaram, subscrevendo os Estados-Unidos com 65 series completas.
Por virtude de tudo isso resolveu-se que o catalogo começasse a ser elaborado no 1º de Janeiro de 1901, celebrando a «Sociedade real» os contractos necessarios.
O governo auxiliou com 1:000 libras annuaes, por espaço de 5 annos, e resolveu-se tambem que a propria «Sociedade Real» fosse a editora.
Em Outubro de 1901 o numero de series subscripta ascendeu a 362. Na subscripção dos paizes estrangeiros figuram os Estados Unidos, com 71 exemplares; Allemanha e Grã-Bretanha 45; França 35; Italia 27; Japão 15, isto é 255 libras; Suissa 7; India e Ceylão 28; Mexico 5; Noruega 5; Hungria 4; Australia do Sul 2 e do Norte 1; Grecia 2; Egypto, Portugal, Nova Escossia 1, Dinamarca, 5; Colonia do Cabo 5, etc., etc. Propoz-se annexar á publicação uma lista de todos os periodicos scientificos, destinado a distribuição gratuita por todos os assignantes de um exemplar completo do catalogo.
30 «comités regionaes» preparam materiaes para a publicação.
Em Outubro de 1902 a subscripção attingiu o numero de 382 exemplares completos. O numero total das provas de impressão recebido daquelles 30 «comités» foi de 135:750, sendo metade concernentes a Chimica, Botanica, Zoologia, Physiologia, seguindo-se immediatamente a Physica e a Bacteriologia.
Em 1904 achava-se publicada toda a 1.ª série com excepção do volume de Zoologia. Os volumes da 2.ª serie annual estavam em preparação, excepto a da Astronomia, que já sahira dos prelos. Tambem se ultimara o volume dos jornaes scientificos, que incluia 4:658 periodicos, devendo os 532 austriacos formar um supplemento por não ter chegado a lista delles a tempo.
O numero de livros e papeis referidos nos volumes da 1.ª serie annual, em relação ás 17 sciencias, constam da nota seguinte (superior a 43:000):
A Mathematica. 1:506 K Paleontologia. 673
B Mechanica.… 908 L Biologia geral. 982
C Physica.…… 3:208 M Botanica.…. 5:670
D Chimica ….. 5:990 N Zoologia.…. 5:018
E Astronomia... 2:090 O Anatomia.… 1:309
F Metereologia 1:218 P Antropologia 1:545
G Mineralogia. 1:072 Q Physiologia.. 6:010
H Geologia…. 1:517 R Bacteriologia 2:206
J Geographia .. 1:619
Entre os 33 paizes que estabeleceram «comités regionaes» figura Portugal. O numero das provas recebidas até fins de setembro de 3 desses comités ascendera a 271:892. Como cada exemplar completo do catalogo custa 17 libras (pelos 17 volumes) em 1904 ascendia a receita a 6:829 libras (mais de 400 exemplares). De cada volume tiraram-se 1:000 exemplares, estando por isso mais de metade da edição disponivel para a venda. Actualmente acha-se publicada já a 2.ª serie e em todas as 17 sciencias houve 15 p. c. de augmento nos livros e papeis de que se dá conta. Uma reunião da commissão Internacional do Catalogo teve logar nos dias 23 e 24 de maio de 1904, achando-se representadas Austria, Russia, Dinamarca, Hollanda, Grécia, França, Allemanha, Italia, India e Hungria.
É de grande alcance scientifico tornar conhecido este catalogo, e, affigura-se-nos útil que o governo portuguez subscreva, pelo menos, com mais 3 exemplares, destinados: 1 á Academia Real das Sciencias, outro á Bibliotheca Nacional de Lisboa e o terceiro á da Universidade de Coimbra.
É um instrumento de trabalho de primeira ordem. Só um exemplar para todo o paiz é pouco, e a despeza monta só a 51 libras.
ALFREDO ANSUR.
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