ULTIMAS NOTICIAS / (…) / As fortalezas russas
Um critico militar estrangeiro, assinalando a resistencia da praça de Ossowietz ao bombardeamento dos alemães, dá as seguintes interessantes explicações sobre fortalezas, comparando as da Russia com as de outros paizes:
«Todas as fortificações russas construidas ou reparadas dum quarto de seculo a esta parte, são do sistema chamado do general Velitschko.
«Quando, em 1886 apareceram os obuzes de melinite, os metodos de ataque ás fortificações encontraram-se poderosamente reforçados e os fortes tiveram que tornar-se mais invulneraveis ou, para melhor dizer, menos vulneraveis, visto que a invulnerabilidade nunca existiu. É lei da guerra: a um progresso destruidor, um progresso defensivo; a um avanço da artilharia, outro da engenharia.
«Então surgiram dois sistemas de tipos para os fortes: um o do celebre general belga Brialmont, autor das fortificações de Liége e Namur, e de algumas dos Dardanelos, e outro o que empregaram os alemães e franceses nas fortificações das suas praças. «O sistema de Brialmont consistia em couraçar os fortes. O forte continuava com a sua couraça, dispondo de artilharia de grosso e pequeno calibre, e de infantaria, sendo apto tanto para a defesa proxima como para a defesa distante.
«Todos os meios defensivos se concentravam nestes grandes nucleos. Assim, em Liége e Namur foram estabelecidos por Brialmont 21 fortes, cruzando-se os fogos duns e outros, mas sem batarias intermedias. O resultado da guerra foi desfavoravel a esta classe de fortificações; pois a artilharia grossa do atacante conseguiu reduzir ao silencio alguns fortes, abrindo assim uma brecha que permitiu a passagem.
«O sistema alemão e francês, pelo contrario, dispersava os elementos de defesa. O forte perdia o seu caracter de orgão único de combate, apto para a defesa a distancia, como para a defesa proxima, para converter-se apenas num nucleo central. Fóra do forte estabelecem-se batarias que ocupam os intervalos, que teem um dispositivo linear, disperso, invisivel e movel. Estas batarias são as que realisam a defesa a distancia e apoiados no forte, impedem que o inimigo se aproxime. Se, não obstante, a aproximação chega a efectuar-se, o forte adquire a missão de conter o atacante. Em Verdun puderam observar-se as vantagens deste sistema.
Entre estas dois metodos representativos de ideias extremas, surgiram prontamente outros sistemas intermedios. Um deles, o dos austriacos, que tem parte do sistema de Brialmont, construindo grande fortes couraçados, e parte da separação francesa e alemã, organisando, tambem, a defesa dos intervalos Przemysl e Cracovia estão construidos de acordo com este metodo intermedio, preconisado pelo chefe austriaco Leithner.
«Outro dos sistemas intermedios é o do general Velitchko, na Russia. É o das fortificações de Ossowietz.
«O forte Velitchko é um trapezio de dimensões muito consideraveis. A base da contraescarpa chega a medir 400 metros. Defende a obra um fosso revestido; galerias de contraminas partem da parte saliente da contraescarpa; no interior do fosso um extenso parapeito serve de abrigo a uma bataria de tiro rapido ou de metralhadoras. A infantaria está estabelecida em dois pavimentos, com o fim de dispor de duas linhas de fogo, mas ligadas por meio duma pendente suave que facilita a união de todos esses contingentes para os ataques á baioneta, e por ultimo fortes casamatas abrigam canhões que varrem os intervalos, para a defesa a distancia.
«Mas esta artilharia não se estabelece como no sistema francês e alemão, no seu dispositivo invisivel e movel. Aos canhões de grande alcance dá-se o caracter de armamento de segurança e não de combate, colocando-os ao abrigo de obras de fortificação permanente, que constituem verdadeiros fortins intermedios.
«Esta ligeira resenha de fortificações explicará como Liége e Namur cairam em seguida; como Verdun e Ossowietz teem podido resistir: como resiste aos cercos, um deles prolongado já, mais de quatro meses, a guarnição de Przemysl, e como os alemães haviam transformado as fortificações dos Dardanelos, adaptando-as ás que eles proprios empregam e aumentando assim consideravelmente a sua potencialidade defensiva».
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