Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.2202)

ULTIMAS NOTICIAS / (…) / As fortalezas russas

Um critico militar estrangeiro, assinalando a resistencia da praça de Ossowietz ao bombardeamento dos alemães, dá as seguintes interessantes explicações sobre fortalezas, comparando as da Russia com as de outros paizes:

«Todas as fortificações russas construidas ou reparadas dum quarto de seculo a esta parte, são do sistema chamado do general Velitschko.

«Quando, em 1886 apareceram os obuzes de melinite, os metodos de ataque ás fortificações encontraram-se poderosamente reforçados e os fortes tiveram que tornar-se mais invulneraveis ou, para melhor dizer, menos vulneraveis, visto que a invulnerabilidade nunca existiu. É lei da guerra: a um progresso destruidor, um progresso defensivo; a um avanço da artilharia, outro da engenharia.

«Então surgiram dois sistemas de tipos para os fortes: um o do celebre general belga Brialmont, autor das fortificações de Liége e Namur, e de algumas dos Dardanelos, e outro o que empregaram os alemães e franceses nas fortificações das suas praças. «O sistema de Brialmont consistia em couraçar os fortes. O forte continuava com a sua couraça, dispondo de artilharia de grosso e pequeno calibre, e de infantaria, sendo apto tanto para a defesa proxima como para a defesa distante.

«Todos os meios defensivos se concentravam nestes grandes nucleos. Assim, em Liége e Namur foram estabelecidos por Brialmont 21 fortes, cruzando-se os fogos duns e outros, mas sem batarias intermedias. O resultado da guerra foi desfavoravel a esta classe de fortificações; pois a artilharia grossa do atacante conseguiu reduzir ao silencio alguns fortes, abrindo assim uma brecha que permitiu a passagem.

«O sistema alemão e francês, pelo contrario, dispersava os elementos de defesa. O forte perdia o seu caracter de orgão único de combate, apto para a defesa a distancia, como para a defesa proxima, para converter-se apenas num nucleo central. Fóra do forte estabelecem-se batarias que ocupam os intervalos, que teem um dispositivo linear, disperso, invisivel e movel. Estas batarias são as que realisam a defesa a distancia e apoiados no forte, impedem que o inimigo se aproxime. Se, não obstante, a aproximação chega a efectuar-se, o forte adquire a missão de conter o atacante. Em Verdun puderam observar-se as vantagens deste sistema.

Entre estas dois metodos representativos de ideias extremas, surgiram prontamente outros sistemas intermedios. Um deles, o dos austriacos, que tem parte do sistema de Brialmont, construindo grande fortes couraçados, e parte da separação francesa e alemã, organisando, tambem, a defesa dos intervalos Przemysl e Cracovia estão construidos de acordo com este metodo intermedio, preconisado pelo chefe austriaco Leithner.

«Outro dos sistemas intermedios é o do general Velitchko, na Russia. É o das fortificações de Ossowietz.

«O forte Velitchko é um trapezio de dimensões muito consideraveis. A base da contraescarpa chega a medir 400 metros. Defende a obra um fosso revestido; galerias de contraminas partem da parte saliente da contraescarpa; no interior do fosso um extenso parapeito serve de abrigo a uma bataria de tiro rapido ou de metralhadoras. A infantaria está estabelecida em dois pavimentos, com o fim de dispor de duas linhas de fogo, mas ligadas por meio duma pendente suave que facilita a união de todos esses contingentes para os ataques á baioneta, e por ultimo fortes casamatas abrigam canhões que varrem os intervalos, para a defesa a distancia.

«Mas esta artilharia não se estabelece como no sistema francês e alemão, no seu dispositivo invisivel e movel. Aos canhões de grande alcance dá-se o caracter de armamento de segurança e não de combate, colocando-os ao abrigo de obras de fortificação permanente, que constituem verdadeiros fortins intermedios.

«Esta ligeira resenha de fortificações explicará como Liége e Namur cairam em seguida; como Verdun e Ossowietz teem podido resistir: como resiste aos cercos, um deles prolongado já, mais de quatro meses, a guarnição de Przemysl, e como os alemães haviam transformado as fortificações dos Dardanelos, adaptando-as ás que eles proprios empregam e aumentando assim consideravelmente a sua potencialidade defensiva».

(…).


Referência bibliográfica

[n.d.] - "ULTIMAS NOTICIAS / (…) / As fortalezas russas" in Diário de Notícias de 18 de Março de 1915, nº. 17727, p. 2 (c. 6-7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2202.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Notícia Original
Adaptação Internacional

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Outros

Outros
Palavras Chave


Notícia