NA PROPAGANDA DE PORTUGAL
“O Naturismo e o seu valor higienico”
Segunda conferencia do sr. dr. Amilcar de Sousa
O vasto salão da Sociedade Propaganda de Portugal, foi ontem, insuficiente para comportar o numeroso auditorio que acorreu celere a escutar a palavra sonora e convicta do caloroso propagandista do Naturismo, sr. dr. Amilcar de Sousa.
Uma vez apresentado á assistencia, em que abundavam as senhoras, pelo sr. Henrique Affonso Pires, presidente da assembleia geral do Nucleo Naturista de Lisboa, o ilustre medico naturista, polvilhando sempre com «bonne humeur» as suas considerações, entreteve, quase durante duas horas, os ouvintes, falando-lhes do «naturismo e o seu valor higienico».
O conferente continuou a insistir em que o naturismo vem resolver o problema da saude.
A vida actual do homem, nomeadamente do que vive a vida dos grandes centros, é perfeitamente febril, queimando-lhe, sem dó nem piedade, o seu vigor fisico e convertendo-o, precocemente, num avariado.
A ele, conferente, reconhecendo aquele grande mal, preocupa-o tão somente a aquisição da saude e o combate sem treguas da doença.
A sua conversão ao Naturismo, conta o orador, data desde a morte de seu pai, que reconheceu ter sido mais uma vitima da cozinha.
Emfim [sic], é na alimentação defeituosa que a humanidade deve ir buscar a origem das suas multiplas enfermidades.
O naturismo, a formula bela da terapeutica, causa ainda, infelizmente, a irrisão da grande maioria, algemada como está á gula, ás drogas e depurativos afamados.
Nos caldos cozinhados vivem optimamente os microbios, no sumo dos frutos encontram eles o seu mais poderoso inimigo e, por isso, o sangue dos fugivoros é germicida.
E, com esta orientação, o sr. dr. Amilcar de Sousa alongou ainda a sua interessante «causerie», sendo, no final, muito aplaudido.
- Hoje realiza, pelas 20 ½, a 3.ª conferencia, subordinada ao tema «O Naturismo e o seu poder curativo», na sala do Ateneu Comercial.
[n.d.] - "NA PROPAGANDA DE PORTUGAL / “O Naturismo e o seu valor higienico”"
in Diário de Notícias
de 21 de Abril de 1915, nº. 17761, p. 3 (c. 7). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2242.