O pedido de patente da invenção d’uma machina de “motu continuo” pelo sr. José do Nascimento Garcia, residente em Lisboa, deu origem a varias declarações d’ outros pretensos inventores, publicando aquele sr. n’uma carta enviada ao “Diario de Noticias”, as seguintes interessantes informações relativamente ao assumpto:

“A machina que originou a controversia construí-a eu, não porque visse n’ella utilidade alguma pratica, visto a sua pouca força, mas para poder apenas demonstrar o principio do “motu continuo” áquelles que d’isso duvidavam.

Por isso mesmo não fiz segredo da machina e mostrei-a a varias pessoas conhecidas e desconhecidas e designadamente aos agora improvisados engenheiros que lhe copiaram mentalmente a disposição, aliás simples, mas cuja construcção são incapazes de realisar ou comprehender a sua theoria.

Todas as pessoas que quizerem ver essa machina funccionando e cuja roda motriz tem o diametro de 4 metros, obsequeiam-me até, vindo à minha officina de metaes, R. do Quatro de Infantaria e conver-se-hão que não fui eu que aproveitei a ideia dos outros , dado o pequeno lapso que decorreu desde a publicação das suas injustificadas pretensões a inventores de coisas – até hoje, visto a construção demandar pelo menos 3 mezes.

A proposito direi a v. que brevemente apresentarei a machina de “motu proprio” com uma applicação verdadeiramente util, pois que consegui por meio de principios que não vejo tratados por physico algum obter com essa machina uma força enorme, sem o menor dispendio de qualquer combustivel, tendo até já e, construcção um automovel que estou tratando de registar, e que espero apresentar em publico dentro de dois mezes.”