Semana Astronomica
I
Começa o novo ano com noites de luar, sucessivamente mais demorado e luminoso. É o afamado «luar de janeiro» que, segundo o ditado, «não tem parceiro». E de facto assim é, não por acaso, nem por crendice popular, mas sim por motivos rigorosamente scientificos – da mais rigorosa das sciencias de observação, qual é a Astronomia.
Com efeito, neste mês é que a Lua anda mais alta, para as nossas latitudes, visto o Sol andar mais baixo. E essa situação privilegiada do astro das noites fá-lo demorar-se mais tempo acima do horisonte, e tambem dirigir os seus raios menos obliquamente, dando portanto menores sombras. Juntando-se, a estas duas circunstancias favoraveis, mais a de se acharem agora os arvoredos geralmente despidos de folhas, vemos que tudo concorre para tornar «sem parceiro» o encanto das noites de luar nesta quadra… se as nuvens não vierem prejudicar tudo, eternas inimigas, que sempre foram, dos astronomos.
Na quinta-feira, 8, a Lua passa no apogeu da sua orbita, isto é, no ponto em que mais distante fica da Terra. Dali em diante passará a aproximar-se de nós, até ao dia 23.
Os dias estão já aumentando, e nesta semana ganharão seis minutos, porque o Sol cada dia se põe mais tarde, embora por enquanto ainda não nasça mais cedo.
Dos planetas, Venus é agora a linda estrela de alva, «mensageira do dia», como diz o poeta, e assim continuará até abril.
O brilhante Jupiter mal se vê ainda, por nascer pouco antes do Sol, mas a sua visibilidade vai rapidamente melhorando.
Marte, que tantas atenções mereceu ainda o outono passado, vê-se no começo da noite, na constelação de Pisces.
Saturno está na constelação de Libra, sómente visivel depois da meia noite.
As constelações que o céu nos mostra ao fechar-se a noite são: ao sul, os Peixes zodiacais, Aries Tauro e a Baleia; ao poente, o Cisne ou Cruz Boreal, Pegaso e Aquario; para o nascente, Orion, Gemini e Cão Menor; pelo zenite, Perseu, Andromeda e Cassiopeia; ao norte, erguendo-se acima do horisonte para leste, a Ursa Maior. A Via Lactea vai de leste para oeste, passando um pouco ao norte do zenite.
FREDERICO OOM.