Há, como todos sabem, tres especies distinctas de tremores de terra: - por desmoronamento, vulcanicos e estructuraes. Todavia, segundo Fuchs, estas tres cathegorias podem reduzir-se a duas: - tremores de terra não vulcanicos.

Os tremores de terra, por desmoronamento têm por causa -como revela o sentido etymologico da palavra – grandes desabamentos subterraneos; os vulcanicos ou d’explosão, como os de Krakatoa e Martinica, são limitados, obedecendo sempre a influencias eruptivas; e os estructuraes dependem do crescimento das montanhas, resultante da força ascencional-contractiva da propria crusta terrestre.

A causa dos tremores de terra não vulcanicos, diz Fuchs, consiste, pelo menos, em movimentos mechanicos de certas porções da massa solida do globo.

Recentemente os distinctos geologos Heime, Suess e Dana attribuiram a causa dos phenomenos sismicos ás regiões não vulcanicas. O facto de as agitações subterraneas serem mais frequentes nos paizes em que as cadeias montanhosas ainda não adquiriram o seu ultimo relevo, é o que os levou a essa conclusão.

As observações feitas por Mr. Fouqué, na Andalusia, parecem, tanto ou quanto, confirma-la; e o estudo realisado, sob o ponto de vista puramente geologico, ácerca dos tremores ultimamente succedidos, vem dar-lhe um peremptorio e incondicional apoio.

“Está hoje perfeitamente reconhecida, acrescenta Mr Daubrée, a existencia da relação dos centros impulsivos com certas linhas de fracturas e de deslocação. As pressões lateraes continuando a agir produzem effeitos de tensão que, de tempos a tempos, devem provocar rupturas d’equilibrio”.

O illustre sabio inglez Judd acaba de publicar ha pouco um profundo e bem elaborado artigo precisamente sobre o assumpto de que vimos falando. As suas conclusões escoram por completo as de Daubrée, Heime, Suess e Dana.

Diz elle: - “as mudanças de temperatura produzem alterações no volume das rochas, e, portanto, deslocamento de massas de centenas ou milhares de milhas cubicas que realisados de subido dão origem a abalos na crosta solida do globo. Uma simples causa pode produzir estes movimentos de rocas que repousam em equilibrio instavel. Durante uma secca, por exemplo, sahem milhões de toneladas d’agoa para fora da superficie terrestre, emquanto que a chuva grossa ou neve dá um grande augmento de peso à crosta da terra”.

Ballaré e De Lapparent reconheceram que as regiões mais sugeitas a tremores de terra não são aquellas em que dominam os vulcões, mas sim as zonas que encerram sulcos pouco consideraveis ou cadeias montanhosas mais recentes.

A julgar-se das conclusões tiradas pelos notaveis geologos supra citados, tinhamos que prever um grande sulco futuro da crusta terrestre, e, assim, o eixo atlantico e a depressão dos lagos africanos, seriam as regiões de maior sismicidade.No emtanto, quasi que succede perfeitamente o contrario.

O mappa dos phenomenos sismicos, traçado por M. Robert Mallet, mostra que as zonas mais eminentemente sugeitas a esses phenomenos são as que se encontram perto de cadeias montanhosas ou se extendem ao longo do litoral de certos mares.

As regiões mais affectadas pelas perturbações vulcanicas e sismicas em 1906, foram, segundo o mappa especial que tenho à vista: - San Francisco, Mexico, Honolulu, Equador, Columbia, Tahiti, Las Palmas, Vesuvius, Baku, India, Tokio e Formosa.

Os tremores de terra mais violentos estão circumscriptos a certas areas já hoje perfeitamente demarcadas. O illustre sabio Sir John Milne, célebre director do Observatorio de Shide, na ilha de Wigt, determinou doze d’essas areas.

Não se sabe ainda qual seja a verdadeira causa dos tremores de terra, apesar de haver quem diga que já ella é conhecida desde ha muito.

No entanto, o registo methodico dos phenomenos sismicos pode permittir que se chegue a realisar tão importante como util descoberta, que, segundo julgo, não virá longe, attendendo ás valiosas promessas e aos brilhantes resultados que a investigação sismologica vae apresentando dia a dia.