Coisas e Loisas
O MICROSCOPIO
Verificando que as suas liçõezinhas de coisas, longe de aborrecerem os dois pequenos, os interessava sempre, Mestre Pedro scismava no que de novo lhes havia de falar. Lembrou-se então de lhes mostrar o seu pequeno microscopio Nachet, guardado na mala. Um dia destes, quando apareceram, viram o aparelho sobre a mesa de trabalho, e foi a Aninhas, como é natural, que logo se pôs a espreitar por ele, preguntando [sic] se era um oculo para vêr ao longe.
- Não, pequena, é um «microscopio»: serve para vermos os corpos muito pequeninos, que a nossa vista não descobre. Com este aparelho, que parece tão simples, é possivel fazer aumentar o volume de tais corpos milhares de vezes: quere [sic] dizer, vêmo-los milhares de vezes maiores do que eles são.
- São estes vidros que fazem aumentar? interrogou o Chico.
- Sim, chamam-se «lentes». As vantagens do microscopio são incalculaveis: foi ele que permitiu que os sabios pudessem descobrir e estudar um sem numero de «microbios», como se chamam os pequeninos seres vivos, «infinitamente pequenos», que são a causa de muitos males do homem, dos animais e das plantas.
- E são animais esses tais seres? interrompeu a Aninhas, discorrendo.
- São plantazinhas, chamadas, umas «bacterias», outras «fungos», etc. Conhecida assim a causa das doenças, mais facilmente pode estudar-se a maneira de as combater. Foi o microscopio que auxiliou o grande sabio Pasteur a efectuar suas imortais descobertas sobre a «raiva» e outras.
- Eu já ouvi falar nesse nome, atalhou o Chico.
- Foi um dos homens a quem a sciencia e a humanidade mais tem devido.
- E sabe-se quem foi que inventou este aparelho?
- Essa tua pergunta, Chico, tem razão de ser. A verdade é que nem sempre se sabe quem são os autores de tantas e tantas descobertas que têm ilustrado a humanidade. Diz-se que este maravilhoso instrumento foi inventado por um holandês de nome Jansen, aí pelos fins do seculo XVI. Os primeiros microscopios compunham-se apenas de uma «ocular», que é esta lente por onde miramos, e de uma «objectiva», que é esta que se aproxima do objecto que queremos observar.
- E não vemos nada por ele? indagaram os dois rapazes.
- Sim, havemos de vêr. Mas noutra ocasião. Ficaram já sabendo a historia do aparelho, hão-de tambem verificar a sua utilidade, deixem estar.
- E aquele vidro que o Inacio relojoeiro põe no olho, não é coisa perecida, objectou a Aninhas?
- É o que se chama uma «lupa»: com ela pode-se, com efeito, vêr melhor as pequeninas peças de um relogio. Mas a lupa não passa de um «microscopio», como direi, «simples»; ao contrario deste verdadeiro «microscopio», que se diz «composto», porque é formado por um sistema ou conjunto de lentes.
[NOTA - Este artigo integra o suplemento infantil do DN 'Noticias Miudinho'; contém uma ilustração]
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