SEMANA ASTRONOMICA

XV

É hoje o perigeu lunar, estando pois o nosso satelite á sua maior proximidade nesta lunação, embora não tão perto como esteve em 23 de Janeiro, ou como estará em 6 de Julho, data em que, neste ano, se aproximará mais de nós.

Na quarta-feira é Quarto Minguante, de onde se conclui que a semana é de noites com pouco luar no principio e quasi nenhum para o fim.

Os dias crescem rapidamente, ainda ganhando nesta semana 17 minutos mais. No entanto esse rapido aumento já começa a abrandar, sobretudo quanto ao pôr do Sol, pois o aumento é de 10 minutos pela manhã e apenas de 7 minutos á tarde.

Dos planetas, são invisiveis Mercurio e Venus. O primeiro passa entre a Terra e o Sol no dia 18, e só o poderemos ver, no crepusculo da tarde, lá para meados de Maio.

A formosa Venus deixou de ser estrela de alva; passará em Maio a ser estrela da tarde, ou Véspero, como lhe chamavam os antigos quando ainda ignoravam as leis verdadeiras dos seus movimentos aparentes.

Marte continua em Tauro, ainda bem distinto, ao escurecer, um pouco acima de Aldebaran e das Hiadas.

Jupiter nasce pela meia noite, com a constelação de Sagitario, onde tem permanecido, e permanecerá ainda até ao fim do ano.

Saturno, tambem sempre em Libra, vê-se já toda a noite.

Nada menos de três cometas desconhecidos, visiveis sómente em poderosos instrumentos, vieram quasi simultaneamente surpreender os astronomos. Nenhum deles por ora se mostra merecedor de especial interesse para o publico, embora teoricamente os seus movimentos tenham caracteres que dispertam [sic] a curiosidade e a atenção dos especialistas.

Vai anoitecendo sempre mais tarde, por isso tambem não [sic] mudando as constelações, que primeiro aparecem. Ao Sul brilha a grande Sirius, já a inclinar para o ocaso, precedida pelo fulgente Orion, e Tauro. Culmina o Cão Menor e aproximam-se do meridiano a cabeça da Hidra e Leo. No Oriente surgem Virgo, o Corvo e mais para Nordeste o Boieiro e Hercules. Ao Norte vai rasgando o horizonte Cassiopeia com a sua figura de cadeira, e ao alto paira a Ursa Maior com a cauda para a direita, visto estarmos na primavera.

FREDERICO OOM.