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Pensamentos, Palavras e Obras

A FOTOGRAFIA

Poucas descobertas têm mais aplicações na arte, na sciencia e na industria do que a da fotografia. Em dois factos fundamentais ela se baseia: o enegrecimento á luz do cloreto de prata e a formação das imagens na camara escura; observados pela primeira vez, aquele em 1556, pelo alquimista Fabricio, este em 1520, por Leonardo de [sic] Vinci e Bacon. Anos depois, em 1560, o fisico J. B. Porta, aperfeiçoou a camara escura, munindo a abertura duma lente biconvexa, com o que as imagens ganharam nitidês e brilho. Mais tarde, em 1802, o quimico inglês Wedgwood pôs de parte o cloreto de prata, então conhecido pelo nome de lua cornea, e empregou o azotato de prata, obtendo dessa maneira um desenho em branco sobre fundo negro.

Nicephoro Niepce, em 1813, repetiu com o cloreto de prata as tentativas de Wedgwood, e em 1826, depois de haver experimentado um grande numero de substancias, empregou o betume da Judéa e descobriu um processo de fotogravura, ainda hoje empregado. Pela mesma ocasião, em 1829, Luís Daguerre associando-se com Niepce nas suas pesquizas descobriu que uma chapa de prata submetida aos vapores do iodo e exposta alguns minutos na camara escura fixava uma imagem, que só aparecia, porém, quando submetida a vapores de mercurio. O governo francês comprou o invento, que ficou conhecido por «daguerrotipo», para o divulgar, estabelecendo uma pensão anual de 6.000 francos a Daguerre e de 4.000 francos a Isidoro Niepce, filho de Nicephoro, que morreu subitamente quando Daguerre o informava da descoberta.

O inglês Fot Talbot aperfeiçoou o novo processo, empregando para a revelação da imagem uma solução de acido galhico, resultando, porém, um desenho em que as sombras e os claros saíam ao invez do original. Esta imagem, chamada negativa, servia de resto para reproduzir tantas quantas imagens positivas se queria. Apresentando inconvenientes, este processo, procurou-se um novo substratum para o sal sensivel, que primeiro foi o colodio humido e depois o colodio seco, e, finalmente, a emulsão gelatino-brometo. Basta 1/25000 de segundo para impressionar a placa do gelatino-brometo, que é sensivel não só á luz, mas ainda aos raios X, ás radiações invisiveis uranicas, etc.

Feita a historia da fotografia, digamos alguma coisa sobre a sua pratica. Comecemos por nos referir ao «aparelho fotografico», que se compõe essencialmente duma camara escura munida duma objectiva; um obturador permite, descobrir a objectiva durante o tempo preciso para a «pose». A camara escura é constituida por um fole que reune o corpo da frente, que tem a objectiva, ao corpo da rectaguarda, que tem o vidro despolido; graças á gramalheira, movida por um botão, o corpo da rectaguarda pode ser afastado ou aproximado da objectiva para «pôr em foco» a imagem.

A maior parte dos aparelhos de mão costumam armazenar chapas ou peliculas sensiveis, não podendo estas esperar tanto tempo como aquelas depois da exposição. A «revelação» faz-se num quarto escuro, iluminado por luz vermelha; revelada a imagem, a chapa «lava-se» em agua e fixa-se em banho proprio. Depois da «fixação» volta-se a lavar para eliminar todo o vestigio do hiposulfito de soda da camada sensivel. Segue-se a «secagem», que se faz em local seco, arejado e isento de poeiras.

Sucede ás vezes que o «cliché» não tem intensidade, isto é, não tem bastante contraste entre os brancos e os negros, o que se remedeia com o «reforço»; se, pelo contrario, o cliché é duro, quer dizer, tem muitos contrastes entre os negros e os brancos enfraquece-se. Os defeitos que as imagens apresentam nos clichés são atenuados com o «retoque».

Do fototipo negativo podem-se tirar grande numero de copias ou «fotogramas», em papeis sensiveis, de imagem aparente ou de imagem latente. Quando a imagem está suficientemente desenvolvida, faz-se a «entoação», para substituir, pelo menos parcialmente, a prata que constitui os negros das imagens por um metal mais estavel, o ouro ou a platina; depois procede-se á «fixação», dissolvendo o cloreto de prata não impressionado numa solução de hiposulfito: e, finalmente, lava-se para eliminar todos os vestigios do hiposulfito.

[NOTA - este artigo integra a secção infantil do Diário de Notícias, intitulada 'Notícias Miudinho']


Referência bibliográfica

[n.d.] - "Pensamentos, Palavras e Obras / A FOTOGRAFIA" in Diário de Notícias de 30 de Abril de 1925, nº. 21292, p. 3 (margem inferior, ao centro). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2434.



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