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COMO SE TRATAM AS DOENÇAS

Aparelhos respiratorios

Como se sabe, o aparelho respiratorio é constituido pelos seguintes orgãos: Fossas nasais, Traqueia, Laringe, Bronquios e Pulmões.

Dispensa, certamente, o leitor, a descrição destes orgãos que mais ou menos conhece, para passarmos, desde já, a referirmo-nos ás variadas doenças que os atacam.

Doenças das fossas nasais

Corisa – (Doença conhecida vulgarmente por constipação ou defluxo[)].

A corisa é a inflamação da membrana petuitária [sic] que forra as fossas nasais e onde reside o sentido do olfato.

Sintomas duma doença – São os principais sinais locais ou gerais ou ainda o conjunto de manifestações que a definem ou caracterizam.

A corisa pode ser aguda ou cronica. Os principais sintomas da corisa aguda são: Uma sensação de peso nos olhos, cefalalgias ou dôres de cabeça frontais, espirros continuados, anasalamento da voz, respiração dificil, fazendo-se especialmente pela boca, perturbação dos sentidos do olfato e do paladar, podendo ir até á sua abolição, febre, não muito elevada (este sintoma pode faltar nos casos mais benignos) e aumento consideravel da secreção nasal.

Etiologia ou causa das doenças – A principal, se não exclusiva causa desta doença, é o frio ou antes as variações da temperatura. Assim, uma pessoa que, nesta quadra, do frio que atravessamos, procura no carinhoso calor do sol o conforto e bem estar que o frio lhe roubou, arrisca-se a apanhar uma corisa, assim como aquele que ao sol de inverno agradavel e traiçoeiro ou que em frente dum fogão, lareira ou brazeira [sic] se aquece e que, em seguida, se expõe ao vento e ao frio. Um arrefecimento ou molhadela de pés, uma corrente de ar, são outras tantas causas da corisa.

Profilaxia – Chama-se assim ao conjunto de meios de que dispomos para evitar as doenças.

Conhecida bem a Etiologia, é relativamente facil evitar a doença.

No caso da corisa devemos, ao aproximar-se o inverno, agasalharmo-nos melhor, usando camisolas e meias de lã para evitar o frio dos pés. Fugir tanto quanto possivel do sol, especialmente as pessoas da cidade. pouco habituadas á vida livre em pleno campo. Evitar tambem as correntes de ar e lembrar-se do que dizia Napoleão: – Tenho mais medo duma corrente de ar do que do tiro dum canhão.

Precaver-se, sendo possivel, de sair para a rua em dias de chuva ou quando caia neve.

Precisando fazê-lo, pode tomar, não abusando, é claro, um pequeno calice de vinho velho do Porto, de marcas conhecidas e acreditadas, como as dos vinhos da Ordem de Cristo ou quaisquer outras já consagradas.

No caso de o doente sentir uma sensação de aspereza ou secura na garganta e tosse, deve usar de inalações de tilia.

Ha variados modelos de inaladores, mas os mais simples e praticos e ao alcance de todas as pessoas é o da Fig. n.º 1. Compõe-se, como se vê na figura, de uma caneca que deve ser escaldada antes de servir, na qual se deitam vinte a trinta gramas de tilia e, sobre esta, agua a ferver. Na boca da caneca coloca-se o funil e o doente, com a boca aberta e respirando fundo, aspira os principios aromaticos da tilia, em suspensão no vapor da agua, durante um quarto de hora, o que torna a garganta macia, e facilita a excreção das mucosidades aí acumuladas e dos escarros que se tornam mais fluidos. Se a tosse persiste, deve juntar-se á tilia e á agua a ferver uma a duas colheres de chá da Tintura Balsamica n.º 1. Aconselho tambem o uso de rebuçados medicinais, quando bem preparados com plantas estabilizadas, e não com açucar e essencias, como é vulgar fabricarem-se. Estas inalações devem ser tomadas duas a 3 vezes durante o dia, de preferencia na cama ou no quarto, onde não haja correntes de ar.

Com este tratamento, feito metodicamente, a Corisa deve estar curada no fim de 6 ou 8 dias o maximo, e assim se evita a passagem ao estado cronico, o que, além de outros inconvenientes, tem a possibilidade de provocar a Ozona, uma doença muito incomoda, rebelde e desagradavel, de que falaremos na proxima semana.

Corisa cronica – A corisa cronica é quasi sempre consecutiva a uma corisa aguda, concorrendo, porém, para estabelecer os seus arraiais o estado linfatico ou escrofuloso do doente. Os seus sintomas são semelhantes aos da corisa aguda, podendo faltar a febre e os espirros, que são mais persistentes na forma aguda A secreção nasal é menos abundante, mas mais espessa, formando crostas que aderem ás paredes das fossas nasais.

Neste caso convém fazer irrigações nasais com a infusão de alteia, depois de filtrada ou coada, pelo menos, por um pano bem lavado.

Estas irrigações devem ser feitas com um irrigador nasal, mas, na sua falta, pode-se utilizar o irrigador vulgar, introduzindo a canula numa das narinas, respirando suavemente o doente, com a boca aberta, para que o liquido seja expulso pela outra narina. Como se trata duma substancia inofensiva e que se pode tomar internamente, não ha inconveniente em que se engula algum liquido.

Este medicamento vegetal é muito emoliente; faz amolecer e desligar as crostas. Em seguida deve fazer-se uso da Pomada n.º 1.

Na proxima semana descreverei as outras doenças das fossas nasais e o seu tratamento.

Morais Costa.

[NOTA - contém uma ilustração]


Referência bibliográfica

Morais Costa - "COMO SE TRATAM AS DOENÇAS" in Diário de Notícias de 9 de Março de 1925, nº. 21240, p. 5 (c. 6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2512.



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