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Texto da entrada (ID.2519)

SEMANA ASTRONOMICA

XVIII

Continuamos nesta semana a não encontrar no céu motivo de especial curiosidade. Os proprios três cometas que ha pouco fizeram a sua aparição inesperada, não têm apresentado nenhuma caracteristica digna de sobre eles chamar a atenção geral; têm apenas importancia para os astronomos que estudam as suas orbitas, com o auxilio de poderosos instrumentos. Vamos seguindo com noites de luar cada vez mais duradouro e luminoso, visto ser Lua Cheia na sexta-feira proxima, e estarmos até segunda-feira cada vez mais perto da Lua, que neste dia passa no perigeu da sua orbita.

Vai abrandando notavelmente o aumento dos dias, sobretudo quanto ao pôr do Sol. Nesta semana crescem sete minutos de manhã e seis de tarde, prefazendo um ganho total de treze minutos, menos de dois minutos por dia. Em relação ao dia mais curto, 22 de Dezembro, o aumento é já de mais de quatro horas e meia; e em relação ao mais comprido, 22 de Junho, apenas faltam uns três quartos de hora.

O esquivo Mercurio é agora estrela da manhã e poderia ver-se de madrugada, nascendo hora e meia antes do Sol, se não fôsse tão desfavoravel a fase que apresenta, pois o seu brilho pouco excede o de uma estrela de segunda grandeza.

De Venus não podemos por ora ter noticia, mas está por pouco o seu reaparecimento no crepusculo da tarde, em que a veremos até Fevereiro.

Marte, com o aspecto de uma estrela de segunda grandeza avermelhada, vai passando de Tauro para Gemini, notando-se bem, de dia para dia, o seu deslizar entre as estrelas destas constelações, sempre a fugir adiante do Sol.

Jupiter, actualmente o astro mais brilhante do céu, vai sendo visivel sempre mais cedo, mas só em Julho estará em oposição.

Saturno, aparentemente quasi imovel em Libra, vê-se toda a noite, pois esteve em oposição na sexta-feira passada.

Com a proximidade da Lua Cheia tornam-se menos salientes as estrelas, e portanto as constelações. Mas sempre poderemos encontrar, ao Sul, Leo com a brilhante estrela Regulo no coração; para ocidente, a inclinar para o ocaso, Orion, precedido por Tauro com Aldebaran, e seguido pelos Cães Maior e Menor, com Sirius e Procion, indo mais acima Gemini com Castor e Polux, das quais se vai aproximar o planeta Marte; para oriente vemos já altos o Boieiro, com Arcturus, e Virgo, com a Espiga; nascem Libra com Saturno, e a Lira com Vega. Ao norte está a Ursa Maior na posição mais elevada, com a cauda para a direita, visto ainda ser primavera.

FREDERICO OOM.


Referência bibliográfica

Frederico Oom - "SEMANA ASTRONOMICA" in Diário de Notícias de 6 de Maio de 1925, nº. 21297, p. 1 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2519.



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