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Texto da entrada (ID.2521)

PORTO

A cura da tuberculose

PORTO, 4 – Está de volta, como os leitores do «Diario de Noticias» já souberam, a missão que a Sociedade Medica Lusitana armou de poderes para ir junto do já famoso fisio-quimico Moolegard conhecer dos resultados do seu invento contra a tuberculose. Compunha-se essa missão, como se disse, dos drs. Antonio Ramalho, Santos Silva, Vasco de Oliveira, Vieira Coelho e Azevedo de Sá Fernandes. Todos amigos, e alguns deles de já afastados anos, pensei em colher dum ou outro, qualquer nota sobre as suas impressões. Vêm, porém, esfingicos. Assentaram em nada dizer antes de darem conta das suas impressões á sociedade medica referida e ao governo, e não ha meio de os demover.

A sua atitude compreende-se, mas com ela não se compadece, sem constrangimento, a anciedade [sic] do publico e, sobretudo, dos doentes tuberculosos. Não demorarão, porém, muito o conhecimento das suas impressões. Estão todos dando colaboração escrita a esse trabalho, que, parece seccionarem, para mais cabal e rapida confecção. Depois – disse-nos um deles – que tem o grande publico com um caso que por enquanto não pode sair para fora dos dominios do interesse e estudo medico?

Ah! meu caro amigo! Não é bem assim. Milhares de almas esperam que das suas bocas – pois que foram os ultimos a colher impressões «in loco» – possa sair uma palavra de esperança, ainda que fugidia!

O que até agora se tem dito não traz nenhum sossego aos corações. É pma [sic] esperança, mas ainda não conquistada definitivamente para os dominios da realidade. Se Moolegard pde [sic] proclamar a maravilhosa eficacia do seu invento, pelos resultados satisfatorios colhidos da aplicação em animais, resta que o seu grande colaborador medico, possa dizer francamente outro tanto.

Até agora, a opinião de medicos nacionais e estrangeiros – ao que tenho lido – assenta em cautelosas reservas. Mas o estudo experimental do remedio, fóra da Dinamarca, quasi está ainda por iniciar. Em França e na propria Alemanha vai agora principiar a ministrar-se – disse-me um dos meus amigos!

No Porto, como já é sabido, tudo se prepara num instituto da Misericordia para sujeitar ao tratamento pela sanocrisina a primeira turma de tuberculosos. Para isso se dispõem os medicos chegados de Copenhague, cheios de confiança nos seus esforços e de esperanças na proficuidade do remedio em doentes seleccionados.

Oxalá dentro em pouco possam entoar-se hossanas ao sabio quimico dinamarquês, pois que as impressões dos medicos portuenses – e foi esta a melhor nota de esperança que indirectamente pude colher – não é tão desalentadoramente reservada como a dos seus outros colegas que antes deles procuram certificar-se da eficacia do medicamento.

Mas eu tenho promessa de que o «Diario de Noticias», por meu intermedio, será dos primeiros jornais portugueses a dar informes dos resultados e impressões da missão medica portuense, logo que isso possa confiar-se á grande publicidade – JULIUS.


Referência bibliográfica

Julius - "PORTO / A cura da tuberculose" in Diário de Notícias de 10 de Maio de 1925, nº. 21301, p. 11 (c. 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2521.



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