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Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.2535)

W. Wright, o aviador que bateu o record do aeroplano mais ligeiro, mais rapido e mais seguro, acaba de publicar em um jornal francez a historia dos seus interessantes trabalhos de viação. O artigo de W. Wright é como segue:

Pede-me para que torne conhecido do publico francez o modo porque nos fizemos aeronautas. Insisto em empregar o plural, porque não posso separar-me de meu irmão Orville, com o qual, ha nove annos, emprehendi as investigações e me desempenhei das mais rudes tarefas.

Foi em 1900, no momento em que a aeronautica parecia morta, que nos entregámos aos nossos primeiros trabalhos. Essa sciencia atravessára um periodo de actividade extraordinaria, de 1880 a 1896. Homens de genio, taes como Langlye e Chamte nos Estados Unidos, Maxim, Phillipps e Pilcher na Inglaterra, Marey, Ader e Monillard na França, Lilienthal na Allemanha, Hargraves na Australia, tinham feito entrever grandes coisas. Mas a perda de dois d’elles, Lilienthal e Pilcher, mortos durante as suas experiencias, e as enormes quantias absorvidas nas investigações de Maxim e de Ader, foram fataes para os primeiros enthusiasmos, p. 2 e esse cyclo heroico terminou por um grande desanimo.

Dos livros ao laboratorio

Lendo e estudando os livros dos nossos antecessores, puzemo-nos bem depressa ao corrente das suas experiencias, estudámos as causas dos seus desastres, pensámos que muitos dos seus erros podiam ser evitados. Assim, fomos attrahidos, a pouco e pouco, para a aeronautica, que a principio considerámos apenas como um sport agradavel, a que poderiamos consagrar uma parte do anno, viajando na natureza vasta e deserta, na solidão de um acampamento simples, em relação com o nosso modesto peculio. Escolhemos Kitty-Hank, na Carolina do Norte, perto das dunas que se estendem pela vasta superficie desolada, ao longo do Oceano Atlantico, e onde os ventos são fortes e regulares.

A nossa estreia na aeronautica data de outubro de 1900. O nosso primeiro aeroplano foi muito semelhante, na forma e nas disposições á nossa ultima machina voadora. Possuia já o equilibrador da frente flexivel e a modificação das azas, duas novidades que resultavam das nossas observações. O nosso apparelho de 1901, similar ao do anno precedente, era, todavia, duas vezes maior. Mas os resultados obtidos não concordam com o que haviamos esperado, após a leitura dos estudos dos nossos precursores. Despeitados, arremeçamos para longe com todas essas brochuras, e, resolvidos a trabalhar sem o soccorro de auctor algum, entregámo-nos encarniçadamente no laboratorio, ás investigações scientificas das propriedades de diversas formas de azas.

Quando nos convencemos, por experiencia, de que fazer fluctuar o aeroplano ao vento, por meio de uma corda, era pouco pratico, decidimos lançal-o do alto das dunas e, deitados no apparelho, de ventre para baixo, fizemos, em 1900 e em 1901, um grande numero de passeios aereos. Foi, porém, com a machina de 1902, construida segundo as nossas proprias formulas, que fizemos rapidos progressos, em seguida a mais de mil ensaios de vôos rectos, dos quaes o mais longo durou 26 segundos, percorrendo uma distancia de 200 metros approximadamente. Muitas d’essas carreiras aereas foram feitas sob o impulso de ventos com uma velocidade regular de 15 a 16 metros por segundo. 


Referência bibliográfica

Wilbur Wright - "O passaro W. Wright - Como elle conta a sua historia - Oito annos de experiencia – Dos Estados Unidos ao erodromo de Mans, em França" in Diário dos Açores de 29 de Setembro de 1908, nº. 5192, p. 1-2 (col. 6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2535.



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