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Texto da entrada (ID.2543)

O paradoxo mais assombroso da sciencia moderna, é a descoberta do novo microscopio de raios ultra roxos, que photographa, graças a um raio de luz invizivel, objectos invisiveis na escuridão. A força d’este microscopio é dupla da dos outros instrumentos que trabalham com luz branca.

No Atlante Monthly encontra-se uma explicação clara d’este milagre:

“Um salto de recente data para o meio das trevas desconhecidas, acaba de revelar-nos novos imperios cheios de vida dobrando a força dos microscopios até agora empregados e revolucionando o estudo dos infinitamente pequenos.

Devemos isto a um novo auxiliar das investigações scientificas, um microscopio com lentes de quartz, que se serve de uma luz muito além de toda a luz visivel, quer dizer, dois raios ultra roxos. Se fizermos passar uma corrente electrica entre dous pólos feitos, seja de cadmio, seja de magnesio metalico, isto é, se construirmos uma lampada de arco voltaico de cadmio ou de magnesio, esta produzirá um certo numero de ondas luminosas visiveis e invisiveis. Entre estas ultimas ondas haverá algumas das mais curtas e das mais rapidas e, como resultado, algumas, utilissimas, de côr ultra roxa.”

Estas ondas de luz não podem atravessar o vidro, mas descobriu-se que podiam passar através do quartz fundido, não podem ser vistas com a vista desarmada, mas podem imprimir uma imagem numa placa sensivel.

“Conseguiu-se, pois, fazer um microscopio que apresentava praticamente a mesma forma e a mesma construcção do microscopio complexo, tendo o objectivo e o acular feito de quartz fundido em vez de vidro, e tendo prismas de quartz para a transmissão em vez de espelhos de vidro e placas de quartz em vez de placas de vidro.

A fonte de illuminação consta de ondas curtas, rapidas, unicolores ultra roxas, em vez de ondas longas e complexas de luz branca.”

Vejamos agora para que serve p. 2 este instrumento. Em vez de augmentar os objectos 20.000 vezes, como o faziam os antigos microscopios, este novo instrumento augmenta 40.000 vezes! Isto porêm não é tudo.

O antigo microscopio só photographava microbios mortos; este photographa bacillos vivos.

“Esta luz é tão sensivel a mudanças insignificantes na espessura de qualquer substancia através da qual pásse que a menor differença de densidade fica marcada na chapa photographica exposta a essa mesma luz.

Cada depressão, cada cavidade dos tecidos, deve ter, por assim dizer, uma parede que as separa dos musculos e dos tecidos organicos; estes muros devem ser mais espessos do que as partes circumvisinhas.

Com raios muito mais potentes do que os da luz branca , os raios ultra roxos desenham todo o interior de um especimens e mostra os contornos da cada parte.

A luz do sol não podia revelar o mysterio do germen vivo, o raio ultra roxo consegue, porém, traçar a sua historia do principio ao fim.

Se embebermos o bacillo do typho numa solução onde possa viver durante o tempo normal da sua existencia, podemos tel-o, debaixo de constante observação graças ao novo microscopio. Podemos estudar o processo do desenvolvimento dos germens, os seus meios de reprodução a difusão da doença e dos effeitos da inoculação”.

Por isso é facil calcular o partido que a medicina e a cirurgia não deixarão de tirar, em brevissimo prazo, d’esse instrumento, que vem duplicar os meios de investigação de que a sciencia dispunha e patentear ás suas vistas mundos inteiramente desconhecidos.

 


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O novo microscopio" in Diário dos Açores de 8 de Outubro de 1908, nº. 5200, p. 1-2 (col. 4-6; 1). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2543.



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