SEMANA ASTRONOMICA

LII

Com formosas noites de luar deveriamos entrar no ano novo, pois a Lua Cheia é quarta-feira, e a sua posição no céu já lhe dá o maior brilho e a mais longa duração, visto que, achando-se em oposição ao Sol, ocupa os lugares que este percorre no verão. Não é ainda o celebre «luar de Janeiro», que devemos ter daqui a um mês, mas já pouco lhe falta… salvos os embargos interpostos pelas nuvens, pois contra elas não tem a Astronomia outro recurso senão submeter-se!

No sabado estará a Terra no «periélio», ou ponto da sua orbita mais proximo do Sol, a 147 milhões de quilometros, que a luz transpõe em 8 minutos, 10 segundos e quasi um quarto de segundo.

Neste mesmo dia estará a Lua em «apogeu», portanto á maior distancia de nós. Desta vez será de 405:777 quilometros, equivalendo a 63,6 raios terrestres, que a luz percorrerá em 1 segundo e um terço proximamente. Como vemos, o Sol está umas 480 vezes mais longe de nós do que a Lua; mas sendo tambem umas 400 vezes maior, resulta parecerem quasi iguais os diametros dos dois discos, tendo nesta ocasião o Sol um diametro aparente de 16’18’’, e a Lua 14’43’’ sómente.

Ainda nesta mesma data será o maximo brilho de Venus que, no começo das noites, deslumbra actualmente todos os que olham para o céu. Nestas circunstancias não é raro poder vê-la mesmo de dia, logo que se saiba onde está, e disso tivemos um notavel exemplo em Agosto de 1924, quando todos paravam nas ruas olhando para ela, e supondo falsamente que era Marte, então muito falado e tambem muito fulgente, mas não tanto.

Não é de esperar agora, em tempos nevoentos e andando Venus muito pouco alta, tornar a dar-se o mesmo alvoroço.

O planeta Mercurio tambem se pode vêr agora de madrugada, pouco antes de nascer o Sol. Igualmente aparecem de manhã, Marte em Escorpio, Saturno, em Libra, mas em más condições ainda. Jupiter vai desaparecer, para só tornar a mostrar-se, de manhã tambem, lá para Fevereiro.

FREDERICO OOM.