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Texto da entrada (ID.2564)

Entrevista da Semana

Nesta ultima semana e mercê da inteligente actividade do actual delegado de Saude do Porto, o lente da Faculdade de Medicina, sr. dr. Almeida Garrett, herdeiro de um nome ilustre, tem-se falado muito de questões de saude, da profilaxia da cidade que oferece ás estatisticas numeros pavorosos, aterradores!

Numa conversa de minutos, conversa ligeira e despretenciosa, o ilustre professor quis ter a amabilidade de acquiescer ao pedido que lhe fizemos de se encarregar da secção medica da «Pagina do Porto[»], iniciando a sua excelente colaboração na proxima semana; e, ao mesmo tempo, foi respondendo ás perguntas que lhe dirigimos a proposito das medidas projectadas.

- Em seu entender o estado sanitario do Porto…

- …é deploravel a nossa mortalidade anda á volta de 30 obitos por mil habitantes, ou seja, mais do dobro da de todas as cidades civilizadas da Europa!

- Então lá fóra qual é a quota maxima?

- Uma quota de 20.

- Isso é terrivel!

- Pior do que terrivel; não é uma cidade, é um cemiterio!

- Mas podem ser melhoradas as suas condições sanitarias?

- Evidentemente. Estamos na situação de quasi todas as cidades de ha 40 anos. Mas a higiene, que em toda a parte domestica as doenças e modestiza o tributo mortuario, aqui, póde dizer-se, não entrou ainda[.] No dia em que se estabelecerem, com largueza, os serviços sanitarios, nesse dia a morbilidade e mortalidade começarão a baixar.

- E quais os meios para o conseguir?

- Em primeiro lugar é preciso promover o saneamento geral da cidade, que assenta em duas fases principais: terminação da rede de esgotos (iniciada ha perto de 20 anos e ainda hoje sem funcionar) e reforma do actual abastecimento da agua, que não é sofrivel, nem em quantidade, nem em qualidade.

- E sem esgotos e sem agua…

- …bons esgotos e agua boa, abundante e barata, não póde haver higiene citadina. Depois precisamos regularisar a inspecção sanitaria das habitações, cuja necessidade não é preciso justificar. Em seguida temos de encarar o problema da profilaxia das doenças contagiosas (até agora reduzida a uma tardia e inoperante desinfecção) e especialmente de dois grandes males…

- A tuberculose e as doenças venereas?

- Precisamente. Depois… mas a serie seria infindavel. Se está tudo por fazer…

(…)

J. de M.

[faz-se referência, ainda, à intenção do delegado em promover uma campanha de sensibilização e educação da população para os perigos da insalubridade em que vivia]


Referência bibliográfica

J. de M. - "Entrevista da Semana" in Diário de Notícias de 5 de Janeiro de 1925, nº. 21779, p. 5 (c. 3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=2564.



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